CINEMA

Oito filmes brasileiros para celebrar o Dia Nacional da Fotografia

Em cartaz na plataforma de streaming Itaú Cultural Play

Por CADERNO B
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Publicado em 07/01/2023 às 06:59

Alterado em 07/01/2023 às 06:59

Cena de 'O bandido da luz vermelha', de Rogério Sganzerla Divulgação

A plataforma indica produções premiadas do cinema nacional que chamam a atenção pelo importante trabalho dos diretores de fotografia em obras marcantes do cinema brasileiro. Na seleção, destaque para os clássicos Deus e o diabo na terra do sol, de Gláuber Rocha, e O bandido da luz vermelha, de Rogério Sganzerla, além da mais recente adaptação da obra de Nelson Rodrigues, O Beijo no Asfalto, dirigida por Murilo Benício.

Para celebrar o Dia Nacional da Fotografia, em 8 de janeiro, a Itaú Cultural Play indica em seu catálogo filmes que chamam a atenção pela direção de fotografia. A seleção faz uma homenagem ao profissional da equipe audiovisual que usa câmera e a iluminação para pensar junto com o diretor enquadramentos, atmosfera e contribuir para a composição das cenas de forma geral.

Com mais de 500 títulos disponíveis de todas as regiões do Brasil e gratuita, a plataforma voltada exclusivamente para o audiovisual brasileiro pode ser acessada pelo site www.itauculturalplay.com.br ou pelo App nos dispositivos móveis Android e IOS.

Dirigido por Gláuber Rocha, o drama Deus e o diabo na terra do sol (1964) se tornou um marco do cinema moderno principalmente pela cinematografia de Waldemar Lima. O filme, que coloca o espectador no centro do drama sertanejo, foi exibido em Cannes no mesmo ano de sua conclusão, e atraiu os olhos da crítica internacional. Assim, o Cinema Novo brasileiro ganhou o posto de um dos mais importantes movimentos cinematográficos do mundo.

A obra-prima de Glauber junta os temas da seca, da exploração religiosa dos mais pobres e da criminalidade em sua história. O elenco é de peso, entre eles, Geraldo del Rey, Lídio Silva, Maurício do Valle, Yoná Magalhães, Othon Bastos e Sônia dos Humildes.

Em O bandido da luz vermelha (1968), primeiro longa-metragem de Rogério Sganzerla, a fotografia é de Carlos Ebert, um dos responsáveis pela composição visual dessa obra considerada pela Unesco como um patrimônio cultural da humanidade. O filme foi premiado no Festival de Brasília daquele ano nas categorias de melhor figurino, melhor diretor, melhor montagem e melhor filme.

Com atuação de Helena Ignez, a produção é inspirada nos crimes do famoso assaltante João Acácio Pereira da Costa, cujo apelido dá nome à obra. No enredo, enquanto as autoridades se empenham pela sua captura, o bandido narra a sua história no crime em uma reflexão sobre a existência.

Em Cidade Oculta (1986), de Chico Botelho, a direção fotográfica é de José Roberto Eliezer, que usa a arquitetura futurista de São Paulo como cenário natural da trama. Estrelado pelo músico Arrigo Barnabé e pela atriz Carla Camurati, o longa-metragem é um marco do cinema paulista dos anos de 1980.

Representante de uma nova tendência que eclodiu na capital paulista naquela década, o filme mostra a história de um presidiário que se envolve com um chefe de uma organização criminosa, se apaixona por uma estrela de shows noturnos e ainda arruma inimizade com um policial corrupto, que deseja realizar um acerto de contas com ele.

A adaptação mais recente de O Beijo no Asfalto (2017), baseada em uma das obras mais emblemáticas do dramaturgo Nelson Rodrigues, marca a estreia de Murílio Benício na direção de um longa-metragem. Ele contou com a fotografia de Walter Carvalho e reuniu no elenco nomes como Lázaro Ramos, Fernanda Montenegro e Débora Falabella.

Espécie de precursora das atuais Fake News, o filme mostra uma injustiça sofrida por Arandir, bancário recém-casado. Em um ato de compaixão, ele beija a boca de outro homem que agoniza na rua, vítima de um atropelamento. Visto pelo seu sogro e um repórter policial sensacionalista, o caso é estampado na imprensa e ganha proporções dramáticas.

Contemplado pelo Rumos Itaú Cultural, Sertão de acrílico azul (2004), dos diretores Marcelo Gomez e Karim Ainouz, tem a fotografia de Heloísa Passos, que traduziu em imagens de slides e fotos 35mm as contradições espaço-temporais sentidas durante uma jornada pelo nordeste brasileiro.

A obra deu origem ao longa Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009). É como um devaneio pelo sertão, passando por lugares remotos que revelam tradições e costumes de uma paisagem brasileira ao mesmo tempo primitiva e contemporânea, regional e globalizada.

O curta-metragem O Duplo (2012), dirigido por Juliana Rojas, foi exibido em mais de 80 festivais pelo mundo e recebeu Menção honrosa na Semana da Crítica do Festival de Cannes, em 2012. A obra contou com a fotografia de Flora Dias e se destaca pela iluminação escolhida por ela, que consegue mostrar o que é real e fantasioso na história.

Inspirado por um mito nórdico, o filme narra a história de Silvia, uma professora de matemática do ensino básico, cuja rotina é alterada pela presença de um gêmeo do mal, uma réplica assombrada de sua própria personalidade, que a induz a fazer todo tipo de maldade.

Em outro curta-metragem, A felicidade delas (2018), de Carol Rodrigues, o destaque também é a fotografia de Julia Zaquia. A edição une os sons de uma cidade, com os barulhos ameaçadores de um helicóptero, enquanto a fotografia retira do contraste entre a luz e a escuridão uma expressividade poética arrebatadora.

No filme, o encontro amoroso entre duas pessoas negras apresenta um retrato do preconceito e da luta das mulheres pelo direito de existir. Após participarem de uma manifestação pacífica no Dia Internacional das Mulheres, o casal e outras participantes são repreendidas pela polícia. Entre sirenes e balas de borracha, elas se refugiam em um local abandonado.

Para concluir a programação, Calins (2018), de Thaís Borges e Alê Paiva em mais um projeto contemplado pelo Rumos Itaú Cultural. O registro documental delicado, feito de dentro da comunidade cigana, tem fotografia de Dani Azul. O filme toca em pontos fundamentais da agenda política atual, como a luta pela terra e a busca pela afirmação de identidade.

Calins mostra a história de cinco irmãs da etnia Calon, que ergueram o único acampamento cigano liderado por mulheres no Brasil. Elas criam filhos e netos num matriarcado escondido na periferia de Joinville, em Santa Catarina. Juntas, enfrentam uma disputa judicial para serem reconhecidas como uma comunidade tradicional e para permanecer no terreno onde vivem.

Serviço: Itaú Cultural Play / Deus e o diabo na terra do sol (1964): de Glauber Rocha / Fotografia: Waldemar Lima / 118 minutos / Classificação indicativa: 14 anos (violência); O bandido da luz vermelha (1968): de Rogério Sganzerla / Fotografia: Carlos Ebert / Duração: 92 minutos / Classificação indicativa: 16 anos (violência, nudez e drogas); O beijo no asfalto (2017): de Murilo Benício / Fotografia: Walter Carvalho / Duração: 102 minutos / Classificação indicativa: 12 anos (Violência, conteúdo sexual e drogas lícitas); Cidade oculta (1986): de Chico Botelho / Fotografia: José Roberto Eliezer / Duração: 80 minutos / Classificação indicativa: 16 anos (Drogas lícitas, violência e nudez); Sertão de acrílico azul piscina (2004): de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz / Fotografia: Heloísa Passos / Duração: 26 minutos / Classificação indicativa: 12 anos (descrição de violência); O duplo (2012): de Juliana Rojas / Fotografia: Flora Dias / Duração: 24 minutos / Classificação indicativa: Violência, nudez e conteúdo sexual; A felicidade delas (2018) / De Carol Rodrigues / Fotografia: Julia Katia / Duração: 14 minutos / Classificação indicativa: 12 anos (Conteúdo sexual, medo);  Calins (2018): de Thaís Borges e Alê Paiva / Fotografia: Dani Azul / Duração: 53 minutos / Classificação indicativa: 12 anos (Drogas lícitas) / LINK

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