Depois do anúncio de “Todos os Mortos”, de Marcos Dutra e Caetano Gotardo, concorrendo ao Urso de Ouro, e de 18 filmes (em produção e coprodução) nas Paralelas, o Brasil marca mais um tento na 70ª edição do Festival de Berlim, que acontece entre 20/2 a 1/3: o Júri internacional da mostra oficial – que será presidido pelo ator britânico Jeremy Irons – terá entre seus membros o brasileiro Kleber Mendonça Filho.
Nascido em Recife (PE) em 1968, Mendonça Filho iniciou sua carreira como programador, crítico de cinema e jornalista em diversas mídias. Realizou vários curtas-metragens e estreou em longas com o documentário “Crítico”. Seguiram-se “O Som ao Redor” (2012), primeiro longa de ficção, listado pelo The New York Times como um dos dez melhores filmes do ano, “Aquarius” (2016), que concorreu à Palma em Cannes, e “Bacurau” (2019), em codireção com Juliano Dornelles, que foi exibido na competição do festival francês e ganhou o Prêmio do Júri.
Em entrevista ao JORNAL DO BRASIL, Mendonça Filho falou sobre o convite para o júri em Berlim e a situação atual da cultura no País.
O que representa o convite para integrar o júri da mostra oficial da Berlinale?
Representa a oportunidade de ver 18 filmes novos e conhecer novos amigos, uma dinâmica que me agrada muito, não importa o tamanho do festival. De curtas a documentários ou um festival grande como Berlim, eu sinto um orgulho e uma honra de poder colaborar com o cinema. Também devo dizer que é o primeiro ano de Carlos Chatrian como diretor artístico, bom estar lá acompanhando isso.
Como vê a participação do Brasil na Berlinale, uma das melhores dos últimos anos?
O Brasil, talvez você possa concordar, nunca teve tanto reconhecimento internacional e prestígio para o seu Cinema. 2020 foi um ano sem igual, de Sundance a Rotterdam, Berlim, Cannes, Locarno e Veneza. Creio que eu estar no júri da competição em Berlim resulta do prestígio, trazido não apenas pelo que venho fazendo, mas pela repercussão de “Bacurau” internacionalmente. Observo alarmado o desprezo que esse novo governo tem por uma área da economia que traz não apenas dinheiro para a indústria brasileira, mas representação internacional do país como cultura.
Além de Irons como Presidente e Mendonça Filho, os outros membros do Júri Internacional são:
A atriz Bérénice Bejo (Argentina / França)
A produtora Bettina Brokemper (Alemanha)
A diretora Annemarie Jacir (Palestina)
O dramaturgo e cineasta Kenneth Lonergan (EUA)
O ator Luca Marinelli (Itália)