ASSINE
search button

Fanny Ardant na primavera da vida e do cinema

Divulgação -
Fanny Ardant em Belle Époque
Compartilhar

Ao ser perguntada sobre sua obsessão por anéis prateados com imagens de serpentes, em um bate-papo no 22º Rendez-vous Avec Le Cinéma Français, fórum promocional do audiovisual europeu, realizado desde quinta-feira, em Paris, Fanny Ardant franze a testa, numa expressão de “descobriram meu segredo”, gastando alguns segundos em cortante silêncio até responder:

“Fui roubada há a alguns anos. Levaram várias joias minhas. Desde então, comecei a usar as cobras nos dedos. Tenho até um anel em formato de uma medusa, o ser mitológico que tem serpentes no lugar dos cabelos. Elas ninguém me rouba. E prefiro prata a ouro. Corta o Mal”, disse a mítica atriz de 70 anos, que arrebatou olhares, corações e mentes, em 1981, ao estrelar “A Mulher do Lado”, de seu amado parceiro e marido François Truffaut (1932-1984). “Aprendi com ele que, no cinema, você não pergunta, você sente. Você se abre para os sentimentos. E eu continuo a atuar buscando aquilo que me surpreenda”.

Macaque in the trees
Fanny Ardant em La Belle Époque (Foto: Divulgação)

Depois de uma série de filmes como realizadora, como “Cinzas e sangue” (2009) e “Candences Obstinés” (2013), no qual dirigiu o galã português Ricardo Pereira, Fanny segue atuando sem parar. “Eu prefiro mil vezes fazer uma pequena participação em um longa cujo diretor tenha muito a dizer do que ser protagonista em um filme vazio”, contou ela ao JB, no Rendez-vous, onde promove as comédias “Perdirx” e “Bélle époque”. “São filmes que repaginam a ideia de lealdade, na família e na amizade, de maneira muito singular. Eu venho de uma relação do mais profundo afeto pelos meus parentes. Gosto quando posso discutir esse amor parental e a fidelidade dos parceiros de vida”.

Este ano, ela volta às telas ao lado do galã Louis Garrel em “ADN”, dirigido pela polêmica atriz e cineasta Maïwenn. “Não me definiria jamais como uma expert em cinema e sim como alguém que vive, que atravessa as intempéries da vida de olhos abertos, atenta ao mistério e à beleza das situações cotidianas”, diz Fanny.

Em paralelo a filmes que ainda não circularam pelo mundo mas que já pediram passagem pelo circuito francês, o Rendez-vous da Unifrance aposta em títulos 100% inéditos por aqui e no resto do mundo, como é o caso de “Mama Weed” (“La Daronne”), de Jean-Paul Salomé. Essa comédia agridoce é uma possível aposta para o Urso dourado da Berlinale. Nesta adaptação em tom de thriller da literatura de Hannelore Cayre, Isabelle Huppert vive uma tradutora que ajuda a polícia em uma série de investigações acerca do tráfico de drogas. Sua rotina descamba para o outro lado da Lei quando ela percebe que pode lucrar mais ajudando criminosos. Também espera-se muito da biopic “De Gaulle”, com Lambert Wilson na pele do estadista francês que encarou a ocupação de sua pátria por nazistas.

Segunda-feira o Rendez-vous chega ao fim, tendo como um chamariz de mercado a exibição de “Adults in The Room”, de Costa-Gavras. A partir do do livro homônimo de Yanis Varoufakis, o ex-ministro das Finanças da Grécia, o realizador de “Z” (1969), mestre dos thrillers políticos, abre uma reflexão sobre a falência de sua nação. Cabe ao ator Christos Loulis viver o próprio Varoufakis nesta trama que funde realismo e fábula (com direito a um corifeu), concentrando-se em tramitações políticas e judiciais de 2015 para travar a bancarrota das finanças gregas. Valeria Golino e Ulrich Tukur completam o elenco das produção, que se concentra em tramitações políticas e judiciais de 2015 para travar a bancarrota das finanças gregas.