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CRÍTICA - Filme: Ventos da Liberdade

COTAÇÃO: 3 ESTRELAS

Divulgação -
Cena do filme Ventos da Liberdade
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Um suspense no padrão tradicional, mas que tem muito a nos dizer sobre tempos sombrios que rondam, volta e meia, nações democráticas ameaçadas por surtos autoritários. Em qualquer modelo econômico, a tirania sempre dedica seu ódio a assombrar, principalmente, o cidadão comum. Com a Alemanha isso ocorreu duas vezes seguidas. Pelo modelo capitalista de Hitler e pelo modelo comunista implantado na Alemanha Oriental pós Segunda Guerra até a queda, em 1989, do último ditador Erick Honecker, o país dividido viveu o horror do fim das liberdades. Em “Ventos da Liberdade” (Ballon, no original), o diretor Michael Herbig cria toda a atmosfera dos tempos do regime e constrói, em eficiente reconstituição de época, uma dramaturgia envolvente sobre tempos terríveis da história da humanidade.

Partindo da história de duas famílias, os Strelzyk e os Wetzel, o roteiro de Herbig, Kit Hopkins e Thilo Röscheisen reconstrói o verão de 1979, na cidade de Thüringer, na Alemanha Oriental. Baseada em uma história real, a trama segue o plano teoricamente louco dessas pessoas. Desesperados para fugir da ditadura e fugir para o lado Ocidental da Alemanha, eles planejam cruzar a fronteira em um balão de ar quente feito por eles mesmos de modo improvisado. A poucos metros de distância do lado ocidental, eles sabem que podem ser executados como traidores do regime se falharem. Homens são recrutados a todo momento e obrigados a trabalhar nas fronteiras. A ordem é impedir as fugas a qualquer custo e executar, na hora, homens, mulheres e crianças que tentarem escapar do lado Oriental.

A direção foge do caráter documental e investe numa dinâmica de suspense para mostrar os obstáculos que envolvem a empreitada. Em 1982, o fato foi adaptado para o cinema com o título ‘Dramática Travessia’, de Delbert Mann, estrelada por John Hurt e Jane Alexander, mas agora são os próprios alemães que contam sua história.

Com música de Marvin Miller e Ralf Wengenmayr, e a montagem de Alexander Dittner contribuindo de modo impressionante para a narrativa de suspense, e a ótima colaboração do elenco liderado por Friedrich Mücke, Karoline Schuch, David Kross e Alicia Von Rittberg, “Ventos da Liberdade” é um exemplar do cinema que conserva os elementos do entretenimento com competência dramática para contar uma história que não pode ser esquecida.