CADERNO B
'Me chama que eu vou', de Joana Mariani, estreia nos cinemas dia 12
Por MYRNA SILVEIRA BRANDÃO
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Publicado em 05/01/2023 às 16:14
Detalhe de foto de Joana Mariani, diretora de 'Me chama que eu vou' Cande Salles
Estreia dia 12 nos cinemas o documentário 'Me chama que eu vou', de Joana Mariani, sobre a vida de Sidney Magal. O filme traz um recorte bem-humorado, revelador e carinhoso de um dos cantores mais queridos do Brasil.
Magal (73 anos), nascido Sidney Magalhães, fala sobre sua vida, desde a infância até o presente, detalhando momentos importantes, não somente de sua carreira, mas também pessoais como os referentes ao seu casamento com Magali West, em 1982.
Assim, além de repassar os seus mais de 50 anos de carreira, mostra o ser humano por trás do artista. O cantor conta histórias inusitadas, como quando pediu a Vinícius de Moraes para compor uma música para ele, e a forma como escolheu o seu nome artístico.
O título do filme vem de uma de suas músicas mais famosas que foi tema de abertura da novela “Rainha da sucata”, em 1990.
A diretora lembra o despojamento do documentário que traz um apanhado de lembranças e memórias e uma conversa franca de Magal sobre sua música, sua trajetória e sua família. Sua esposa também está no filme, bem como Rodrigo, um dos filhos do casal.
O documentário é fruto de um longo processo de pesquisa e conta com várias imagens de arquivos de televisão e do próprio Magal. Foi exibido no Festival de Gramado, no qual ganhou o Kikito de Edição assinado por Eduardo Gripa.
Entre tantos pontos altos, vale destacar que Joana Mariani consegue que Magal fale para a câmera, para os entrevistadores, mas principalmente para os espectadores.
Além de diretora e roteirista, ela é também produtora. Em 15 anos de carreira, fundou a Mar Filmes e a Primo Filmes, e produziu mais de 40 obras, entre as quais se destacam “O cheiro do ralo”, de Heitor Dhalia, e “Aeroporto Central”, de Karim Aïnouz.
Desde 2017 à frente da Mar Filmes, prioriza a criação e desenvolvimento de projetos, se dedicando nos últimos anos à direção. Seu filme “Todas as canções de amor” ganhou o prêmio da crítica na Mostra Internacional de São Paulo, em 2018.
A diretora conversou por e-mail com o JORNAL DO BRASIL sobre “Me chama que eu vou”, a decisão de focar, além na carreira do artista, na sua dimensão humana, e sobre novos projetos.
JORNAL DO BRASIL - Qual a principal inspiração que a levou a realizar “Me chama que eu vou”?
JOANA MARIANI - Acredito que determinadas personagens são tão instigantes que deveriam ser eternizadas em filme, para que possam ser (re) conhecidas mais a fundo por seus admiradores e interessados, assim como, num futuro próximo, serem acessadas por novas gerações.
O filme, além de repassar os anos de carreira de Magal, tem um foco grande no ser humano por trás do artista. Foi intencional ou aconteceu na medida em que o processo foi acontecendo?
Conheço e adoro o cantor Sidney Magal desde a minha adolescência, e foi ele – Magal, o artista – quem me apresentou ao Sidney Magalhães, durante longas conversas regadas a muitas risadas e cervejas, enquanto estávamos gravando o videoclipe da música “Tenho”. O clipe (no qual assinei a minha primeira direção como assistente) foi indicado ao MTV Vídeo Music Awards. Não ganhamos o prêmio, mas ganhei os grandes amigos Magal e Magali, com quem nunca mais perdi contato. Quando tivemos a ideia de fazer o documentário, veio imediatamente em minha cabeça esse formato de apresentar para o público o outro Sidney, o da Bahia, dos causos, o marido, o pai de família...
Isso também leva a que sua história possibilite um conhecimento maior da pessoa, que, por sinal, é diferente do artista. Acha que isso trará uma identificação maior com os espectadores?
Sim. Nas exibições que fizemos até hoje, o comentário que mais escuto depois da sessão é “também quero ser amigo (a) desse cara!”. Isso me faz acreditar que atingimos o nosso objetivo, que era mostrar o lado humano do artista. Ambos são incríveis, mas ouso dizer que o Sidney Magalhães tem tudo para encantar o público ainda mais do que o cantor Sidney Magal. (e olha que a concorrência é dura)
- Tem algum projeto novo em mente?
Dirigi dois episódios para a série “Só se for por amor”, da Netflix, que foi lançada em novembro deste ano, e assino a criação e a direção geral, junto com Carlos Saldanha, da série “How to be a carioca”, que vai estrear no ano que vem no Star Plus. Estou muito feliz com a provável volta da produção independente brasileira após um longo e tenebroso inverno, e espero dirigir o meu segundo longa-metragem de ficção em breve. Também estou preparando um novo documentário biográfico repetindo a dobradinha com a produtora Diane Maia.