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Festival de Berlim comemora 70 anos

Brasil concorre ao Urso de Ouro e marca presença em várias paralelas

Reprodução -
A atriz inglesa Helen Mirren receberá o tradicional Urso Honorário, troféu pelo conjunto da obra
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A partir de amanhã (20), até 1 de março, os olhos do mundo cinematográfico se voltam para o Festival de Berlim, que dá início à sua 70ª edição. “My Salinger Year”, do canadense Philippe Falardeau, abrirá o evento em estreia mundial no majestoso Berlinale Palast. Estrelado por Margareth Qualley e Sigourney Weaver, o filme segue a aspirante a poeta Joanna (Qualley), que trabalha como assistente da agente literária Margaret (Weaver). Este ano marca também o início da nova direção do festival. Dieter Kosslick se despediu após 18 anos à frente do evento, tempo em que imprimiu forte viés político à Berlinale. O italiano Carlo Chatrian – nascido em Turim em 1971 – é o novo diretor artístico e Mariette Rissenbeek, a diretora executiva.

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A atriz inglesa Helen Mirren receberá o tradicional Urso Honorário, troféu pelo conjunto da obra (Foto: Reprodução)

MOSTRA OFICIAL

Os brasileiros têm uma participação expressiva nesta edição – uma das melhores dos últimos anos –, marcando presença inclusive na mostra oficial com “Todos os Mortos”, de Marco Dutra e Caetano Gotardo.

O filme é um drama de época, na passagem do século 19 para 20, que retrata a história de três mulheres e suas memórias da fazenda da família. Elas não conseguem se adaptar à modernização da cidade de São Paulo no período.

O Brasil disputou o cobiçado troféu pela última vez em 2017, com “Joaquim”, de Marcelo Gomes.

O júri da mostra, presidido pelo ator britânico Jeremy Irons, terá a participação do crítico e cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho, autor de “Bacurau”, que ganhou o prêmio do júri no festival de Cannes.

Além de “Todos os Mortos”, outros destaques dos concorrentes ao Urso de Ouro incluem: “Le Sel des Larmes”, de Philippe Garrel – França / Suiça; “Days”, de Tsai Ming-Liang – Taiwan; “The Roads Not Taken”, de Sally Potter - UK; “Undine”, de Christian Petzold – Alemanha /França; “The Woman who Ran”, de Sang-Hoo Hong (Coreia do Sul); e “Siberia”, de Abel Ferra – Itália / Alemanha/ México.

O programa inclui 18 filmes, de 18 países, com 16 estreias mundiais.

“Pinóquio”, do diretor italiano Matteo Garrone, que terá sua estreia no festival, será exibido em Gala Especial. O filme – uma releitura do herói de Carlo Collodi – é estrelado por Roberto Benigni (Geppeto) e Federico Ielapi, no papel do boneco de madeira que sonha ser de carne e osso.

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Cena do filme Todos os Mortos, que participará da mostra principal do Festival de Berlim (Foto: Reprodução)

MUDANÇAS

Os novos organizadores anunciaram a criação de uma nova mostra competitiva intitulada “Encontros”. Foram extintas as mostras paralelas, Culinary Cinema e NATIVe, voltada para produções de temática indígena. Os títulos que integrariam essas seções foram incorporados em outras mostras.

BRASILEIROS

Além da participação no júri oficial e de competir ao Urso de Ouro – conquistado em 1998 com “Central do Brasil” e em 2008 com “Tropa de Elite” – o Brasil está presente em várias mostras, totalizando 18 filmes.

Na Panorama: “Cidade Pássaro”, de Matias Mariani; “O Reflexo do Lago”, de Fernando Segtowick; “Vento Seco”, de Daniel Nolasco; e Rã, de Julia Zakia e Ana Flávia Cavalcanti, que concorrerá na mostra de curta-metragem

O cineasta brasileiro Karim Aïnouz, radicado em Berlim, apresentará seu novo filme Nardjes A. (coprodução com Argélia e França).

Na Geração: “Meu nome é Bagdá”, de Caru Alves de Souza; “Alice Júnior”, de Gil Baroni; e “Irmã”, de Luciana Mazeto e Vinicius Lopes.

Na Fórum: “Luz nos Trópicos”, de Paula Gaitán; e “Vil, Má”, de Gustavo Vinagre.

Na Fórum Expanded: “Apiyemiyeki?”, de Ana Vaz; “(Outros) Fundamentos”, de Aline Motta; “Jogos Dirigidos”, de Jonathas de Andrade; “Vaga Carne”, de Grace Passô e Ricardo Alves Jr.; e “Letter from a Guarani Woman in Search of Her Land Without Evil”, de Patrícia Ferreira, que é considerada a representante mais ativa do cinema indígena brasileiro.

Produções conjuntas: “ChicoVentana también Quisiera tener un Submarino”, de Alex Piperno (Uruguai /Argentina / Holanda / Filipinas), coprodução brasileira Desvia; “Los Conductos”, de Camilo Restrepo (Colômbia), coprodução brasileira If You Hold a Stone; e “Un Crime Común, de Francisco Márquez” (Argentina), coprodução brasileira Multiverso.

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A nova adaptação de Pinóquio, do diretor Matteo Garrone, será exibida em noite de gala no festival (Foto: Reprodução)

MOSTRAS PARALELAS

1 – Panorama

Foram selecionados 18 filmes, incluindo onze estreias mundiais, que abordam temas como pós-migração, conflito de gerações e outras turbulências do mundo atual. A delegação europeia domina a mostra – com ênfase na França e Alemanha e títulos da Áustria, Bélgica, Itália, Suécia, Federação Russa e Dinamarca – mas há também filmes dos EUA, UK, Índia, Singapura, Croácia, Argentina e Mongólia.

2 – Fórum

A mostra, que está completando 50 anos, selecionou 35 filmes com 28 estreias mundiais. A Fórum abrirá com o aguardado “El Tango del Viudo”, de Raúl Ruiz e Valeria Sarmiento. Ruiz filmou o material no Chile em 1967, mas não conseguiu terminá-lo antes do seu exílio em 1973, o que foi realizado agora por Valéria, sua viúva (o diretor faleceu em 2011).

3 – Encontros

Um dos títulos mais aguardados é “Malmkrog”, de Cristi Puiu, que vai abrir a Mostra constituída de 15 títulos que concorrerão aos prêmios de melhor filme, diretor e Prêmio Especial do Júri.

HOMENAGENS E RETROSPECTIVAS

A atriz inglesa Helen Mirren receberá o tradicional Urso Honorário, troféu pelo conjunto da obra.

Na retrospectiva, o destaque é uma seção de clássicos mostrados no ano em que a Fórum foi fundada (1971), que entre outros, exibirá “Obsessão” de Luchino Visconti

TÍTULOS DA MOSTRA OFICIAL

Berlin Alexanderplatz, de Burhan Qurbani – Alemanha / Holanda

Natasha, de Ilya Khrzhanovskiy, Jekaterina Oertel – Alemanha / Ucrânia / UK / Federação Russa

The Woman Who Ran, de Hong Sangsoo – República da Coréia

Delete History, de Benoït Delépine, Gustave Kervem – França / Bélgica

The Intruder, de Natalia Meta – Argentina / México

Favolacce, de Damiano & Fabio D’Innocenso – Itália / Suiça

First Cow, de Kelly Reichardt – EUA

Irradiés, de Rithy Panh – França / Camboja

Le Sel des Larmes, de Philippe Garrel – França / Suiça

Never Rarely Sometimes Always, de Eliza Hittman – EUA

Days, de Tsai Ming-Liang – Taiwan

The Roads Not Taken, de Sally Potter – UK

My Little Sister, de Stéphanie Chuat, Véronique Reymond – Suiça

There is No Evil, de Mohammad Rasoulof – Alemanha / República Tcheca / Irã

Siberia, de Abel Ferrara – Itália / Alemanha / México

Todos os Mortos, de Caetano Gotardo, Marco Dutra – Brasil / França

Undine, de Christian Petzold – Alemanha França

Hidden Away, de Giorgio Diritti – Itália

LEGADO

No 70º aniversário, o Festival já tem uma expressiva trajetória no mapa do cinema.

Iniciado no já longínquo 06 de junho de 1950, o festival teve sua primeira edição com “Rebecca”, de Alfred Hitchcock estrelado por Joan Fontaine, como a grande homenageada daquele ano.

Criado por americanos que ocupavam parte da cidade depois da 2ª Guerra Mundial, e por iniciativa pessoal do oficial Oscar Martay, o nome original era então Berlin International Film Festival.

Hoje a Berlinale, como passou a ser conhecida é, juntamente com Cannes e Veneza, um dos três festivais cinematográficos mais importantes do mundo.

Reprodução - Cena do filme Todos os Mortos, que participará da mostra principal do Festival de Berlim
Reprodução - A nova adaptação de Pinóquio, do diretor Matteo Garrone, será exibida em noite de gala no festival