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Alvim nomeia André Sturm para a Secretaria do Audiovisual

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O ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo, André Sturm, será o novo secretário do Audiovisual do governo Bolsonaro.

O convite foi feito pelo secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, num almoço com representantes do setor cultural, realizado nesta quinta (12), na sede da Fiesp, em São Paulo. O encontro foi promovido pelo presidente da entidade e do Sesi-SP, Paulo Skaf.

Sturm entra no lugar de Katiane Gouvêa, exonerada na quarta (11). Ele é o quarto no cargo no governo Bolsonaro .

"André Sturm é um nome de conciliação, que marca o início de um novo momento de construção conjunta entre a Secretaria Especial da Cultura e o mercado audiovisual brasileiro", afirmou Alvim.

Sturm, que é dono e programador do cinema Petra Belas Artes, na capital paulista, foi exonerado da secretaria municipal no começo deste ano. Na ocasião, afirmou ter se sentido "perseguido" durante sua gestão. O cargo ficou com Alê Youssef.

Segundo Sturm, o convite para assumir o novo posto veio de surpresa durante o almoço na Fiesp. Ele diz que o principal desafio será estabelecer um diálogo com o setor audiovisual, cujo principal órgão fomentador, a Ancine, a Agência Nacional do Cinema, passou por uma crise sem precedentes neste ano.

Além disso, a própria classe cinematográfica, à que Sturm pertence, tem criticado as recentes declarações de Bolsonaro e as suas sucessivas tentativas de intervir no setor.

"Todo mundo tem que ter voz", diz Sturm à reportagem. Ele acrescenta que "a democracia não é ditadura da maioria".

"Tenho disposição para contribuir. Trabalho há 30 anos no audiovisual, acho que tenho um conhecimento que poucas pessoas têm."

Sturm acrescenta que os problemas enfrentados pela Ancine não têm relação com o atual presidente da República. "A discussão ideológica se misturou", diz. "Uma das minhas primeiras reuniões será com ele [o atual presidente da Ancine] para construirmos uma agenda positiva."

A nomeação de Sturm foi recebida positivamente por produtores e diretores ouvidos pela reportagem, que disseram ver nele alguém afastado do núcleo ideológico do bolsonarismo e capaz de criar políticas públicas no audiovisual.

"É uma esperança em um momento tão conturbado ter uma pessoa ligada ao setor", diz o diretor Cao Hamburger. "Espero que consiga trabalhar." Para a produtora Mariza Leão, Sturm conhece as engrenagens do audiovisual. "Ele é do setor, tem experiência internacional em distribuição e sabe como funciona a política pública", acrescenta.

No mesmo almoço na Fiesp, Roberto Alvim disse que o teto de captação da Lei Rouanet subirá de R$ 1 milhão para R$ 10 milhões, apenas no caso de projetos de teatro musical.

No início do ano, o governo reduziu o teto, que era de R$ 60 milhões, para R$ 1 milhão --há exceções para projetos como planos anuais de museus.

A redução feita pelo governo Bolsonaro foi considerada prejudicial especialmente para os produtores de teatro musical, que inscrevem projetos de altos orçamentos e dizem depender de incentivos.

"Pela experiência que tenho, de mais de 30 anos na área teatral, sei que o teto de R$ 1 milhão inviabiliza produção, mesmo as mais simples", disse Alvim, sobre os musicais.

Ainda segundo o secretário, essa é "uma mudança fundamental para o segmento, que tem crescido a passos largos e gerado emprego e renda".

As últimas horas também foram marcadas por outra mudança na área da política cultural. A arquiteta Luciana Rocha Féres, que havia sido anunciada para assumir o Iphan, o órgão que zela pelo patrimônio histórico e artístico do país, teve a sua nomeação suspensa.

A suspensão expõe um racha entre o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e o secretário Roberto Alvim.

Féres contava com o apoio do ministro. Mas o nome favorito de Alvim, segundo pessoas ouvidas pela reportagem, é Olav Schrader, formado em relações internacionais, ligado à Associação de Moradores de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, e associado a movimentos pró-monarquia.

Segundo servidores do Iphan, a nomeação de Féres foi bem avaliada no órgão. Ela tem currículo que, julgam, a capacitava para a presidência.

Arquiteta e urbanista, ela foi diretora do Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte, de 2013 a 2016, e gerente de cultura do Sesc-MG.

Alvim tem proposto nomeações controversas, como a do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que deu declarações consideradas racistas pelo movimento negro. Também escolheu para a Funarte o músico Dante Mantovani, que já afirmou que o fascismo é de esquerda e que chama a Unesco de "máquina de propaganda em favor da pedofilia".(FolhaPress)