Tarcísio e Nunes agora querem intervenção federal na Enel; Gleisi rebate

'Não adianta falar agora em intervenção federal, porque Bolsonaro privatizou a Eletrobrás, tirando da União a única empresa que poderia assumir a distribuição de energia em São Paulo', escreveu a ministra na rede social X

Por JB SP com Revista Fórum

A ministra Gleisi Hoffmann

Por Levy Teles - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que a Enel não tem mobilizado equipes suficientes para restabelecer a energia elétrica na capital e remover as 48 árvores que permanecem caídas após a ventania que atingiu a cidade. Em entrevista ao Jornal da CBN, Nunes disse considerar necessária uma intervenção do governo federal na companhia.

“O que nós estamos fazendo é essa pressão por uma empresa que infelizmente não tem tido condições de atender as demandas da cidade. A gente sabe que cada vez que tiver um vento, uma chuva, nós vamos passar por isso. Então, a gente precisa deixar claro que essa empresa não tem como mais continuar em São Paulo”, declarou o prefeito.

Segundo ele, a Enel mentiu ao afirmar que 1,5 mil equipes estavam atuando na capital. Nunes disse que, na quinta-feira (11), menos de 40 veículos circulavam pela cidade.

“Nós pegamos os dados das placas dos veículos que a Enel diz que tem, colocamos no SmartSampa e essas placas não aparecem circulando em nenhum local da cidade de São Paulo”, afirmou. O prefeito informou ter notificado a Enel e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por meio da Procuradoria-Geral do Município.

Tarcísio diz que Estado está 'refém do contrato'
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse ter enviado um ofício à Aneel relatando a falta de energia em larga escala na capital e na região metropolitana. Ele voltou a criticar a lentidão na recomposição do serviço e afirmou que o Estado está “refém” do contrato federal de concessão.

“A gente não pode ficar refém, não dá, e é por isso que a gente tem batido tanto nessa questão, porque senão vai ser repetição de mais do mesmo. Todo evento climático, nós vamos ter o mesmo problema”, declarou.

Tarcísio afirmou que já vinha alertando a Aneel e o Ministério de Minas e Energia sobre a fragilidade da rede e voltou a mencionar a fala do ministro Alexandre Silveira, que, em setembro, disse que ele e Ricardo Nunes estavam “chorando” ao cobrar melhorias da Enel.

“Fala para essas pessoas que estão sem energia que quer fazer política. Não é. Qual é a previsibilidade? Quando que a energia vai ser restabelecida? As pessoas ficam dias sem restabelecimento. Pode ter certeza que esse restabelecimento completo vai levar alguns dias. A gente vai ver isso acontecer de novo, e a gente está falando isso sempre”, afirmou.

Gleisi reage
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), rebateu Tarcísio em sua conta no X (antigo Twitter). Ela afirmou que o governador tenta transferir ao governo federal a responsabilidade pela crise da Enel.

“Tarcísio Freitas e seu chefe Bolsonaro sempre defenderam a privatização de serviços essenciais, como energia e saneamento, mas agora o governador de São Paulo quer jogar a crise da Enel no colo do governo federal. Não é ele o ‘refém’ do contrato da Enel, é a população que foi lesada ao longo de décadas”, escreveu.

Gleisi também rejeitou a possibilidade de intervenção federal na distribuidora: “E não adianta falar agora em intervenção federal, porque Bolsonaro privatizou a Eletrobrás, tirando da União a única empresa que poderia assumir a distribuição de energia em São Paulo”.

PM investiga denúncia de propina
Enquanto autoridades discutem responsabilidades, moradores de Diadema, na Grande São Paulo, denunciaram que funcionários da Enel teriam cobrado propina para religar a energia. Segundo a Polícia Militar, a cobrança ocorreu nesta quinta-feira (11) na Rua São Pedro, no Centro da cidade.

Relatos apontam que o valor pedido inicialmente foi de R$ 300, aumentando depois para mais de R$ 1 mil. Policiais foram ao local e abordaram os funcionários envolvidos. O síndico do condomínio, dois funcionários do prédio, três funcionários da Enel e supervisores da equipe foram levados ao 3º Distrito Policial de Diadema, onde o caso foi registrado.

Com informações da CBN