POLÍTICA

Lula diz que governo federal buscará investigação independente sobre operação policial "desastrosa" no Rio

O presidente também disse que ligará novamente para Donald Trump, se as negociações entre os dois países não avançarem até o final da COP30, a conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) que o Brasil sediará este mês

Por POLÍTICA JB
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Publicado em 04/11/2025 às 18:50

Alterado em 04/11/2025 às 19:08

O presidente Lula Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que seu governo pressionará por uma investigação independente sobre uma operação policial que matou 121 pessoas no Rio de Janeiro na semana passada, incluindo quatro policiais.

"É importante ver em que condições se deu", disse Lula a repórteres em Belém. "A ordem do juiz era uma ordem de prisão, não uma ordem de matança, e houve uma matança."

A operação de 28 de outubro foi a mais letal da história do Brasil. A ação teve como alvo a facção criminosa Comando Vermelho, que controla o tráfico de drogas em várias favelas do Rio de Janeiro.

Autoridades do Estado do Rio de Janeiro descreveram a operação como um sucesso, com o governador Cláudio Castro (PL) afirmando que as "únicas vítimas reais" foram os policiais mortos, alegando que todos os outros mortos eram criminosos.

A operação no complexo de favelas do Alemão e da Penha destacou um cenário político complexo para Lula, que tem tentado conciliar as preocupações com as violações dos direitos humanos com o crescente apoio público à repressão ao crime.

"O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa", disse Lula.

O presidente também disse que ligará novamente para Donald Trump, se as negociações entre os dois países não avançarem até o final da COP30, a conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) que o Brasil sediará este mês.

Lula e Trump se reuniram na Malásia em outubro para superar as tensões entre o Brasil e os Estados Unidos depois que Trump aumentou as tarifas sobre as importações norte-americanas da maioria dos produtos brasileiros para 50%, de 10% em agosto.

 "Saí da reunião com o presidente Trump certo de que chegaremos a um acordo", disse Lula a repórteres em Belém. "Eu disse a ele que era muito importante que nossos negociadores começassem a conversar logo."

Lula disse que o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estão prontos para uma nova rodada de negociações e podem viajar para os EUA se necessário.

"Quando a COP30 terminar, se a reunião entre meus negociadores e os dele ainda não tiver sido agendada, ligarei para Trump novamente", acrescentou. (com Reuters)

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