POLÍTICA
Trump e Lula trocam afagos de estadistas, preveem 'bons e rápidos negócios', e o norte-americano diz 'não é da sua conta' ao falar sobre Bolsonaro
Por POLÍTICA JB
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Publicado em 26/10/2025 às 05:05
Alterado em 26/10/2025 às 11:55
Lula e Bolsonaro pareceram bons amigos em conversa neste domingo Foto: Ricardo Stuckert
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O presidente Trump disse que ele e Lula se dão 'muito bem" e que seus funcionários, incluindo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, trabalhariam para negociar um acordo, ambos previram uma "conclusão muito rapidamente".
"Devemos ser capazes de fazer alguns acordos muito bons para os dois países", disse Trump enquanto os líderes se reuniam na Malásia, que está sediando uma cúpula regional, na madrugada deste domingo.
Lula disse que acha que pode "anunciar boas notícias".
"Não há razão para haver qualquer tipo de conflito" entre Brasil e EUA, disse Lula, acrescentando que preparou uma agenda escrita em inglês para discutir com o presidente dos EUA. Mais tarde, ele tentou cortar as perguntas da imprensa, dizendo que o tempo para a reunião era limitado.
A reunião foi o primeiro encontro oficial entre Trump e Lula. Foi também a primeira interação prolongada entre eles desde que as relações se deterioraram acentuadamente após o anúncio de Trump em julho de impor tarifas punitivas sobre as importações da maior economia da América Latina, depois do trabalho sujo do deputado federal Eduardo Bolsonaro contra o seu próprio país em Washington.

Lula e Trump e respectivas equipes no encontro deste domingo em Kuala Lumpur Foto: Andrew Caballero-Reynolds / AFP / Getty Images
A reunião é parte de um esforço do governo brasileiro para resolver a disputa comercial de meses depois que Trump tentou, sem sucesso, impedir o julgamento de seu aliado de direita Jair Bolsonaro na Suprema Corte. Na época, Trump ordenou tarifas de 50% sobre as principais exportações brasileiras, como café e carne, e as autoridades americanas posteriormente aplicaram outras sanções e restrições de visto a juízes, funcionários e suas famílias.
Trump disse a repórteres neste domingo que se sentia "muito mal" com o destino de Bolsonaro, mas disse a um repórter que não era "da sua conta", quando perguntado se a questão faria parte das negociações.
As conversas entre o Brasil e os EUA foram retomadas no mês passado, depois que Trump e Lula se cruzaram brevemente na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, abrindo caminho para a retomada das negociações de alto nível após um período de relações congeladas.
Pontos de discussão
Além de tarifas e sanções, o foco principal do Brasil tem sido esclarecer as práticas comerciais que têm sido alvo de uma investigação do Escritório do Representante de Comércio dos EUA, incluindo a regulamentação de empresas de mídia social sediadas nos EUA que operam no país e as políticas da indústria de etanol.
Embora a abordagem do Brasil tenha sido esperar que o governo Trump descreva suas demandas antes de colocar suas próprias propostas na mesa, Brasília tem trabalhado para preparar materiais de apoio sobre uma série de temas que podem ser relevantes para as negociações, incluindo regulamentação de mídia social, data centers e minerais críticos.
O Brasil tem a segunda maior reserva de terras raras do mundo depois da China, potencialmente dando ao país sul-americano uma carta única para jogar. Lula indicou disposição para discutir oportunidades para impulsionar o desenvolvimento dos principais minerais usados em veículos elétricos, sistemas avançados de armas e dispositivos médicos com várias partes, incluindo Trump.
A Venezuela também está entre os tópicos que podem ser levantados entre os dois líderes. Os EUA derrubaram vários barcos que dizem estar transportando drogas da Venezuela nos últimos meses, gerando especulações de que podem estar se preparando para atacar o país em terra. Embora o Brasil tenha evitado qualquer envolvimento direto, Lula já havia dito a Trump em um telefonema que um conflito militar na América do Sul seria devastador para a região.
Trump disse que estaria disposto a discutir a Venezuela se Lula quisesse, mas que não esperava fazê-lo. (com editoria de Internacional do JORNAL DO BRASIL e informações da agência Bloomberg)
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Nas redes sociais
acho que esses bolsonaristas estão completamente fora de si. Depois que Lula se encontrar com Trump na Malásia, eu quero ver a reação deles — vão entrar num looping de negação e, depois, só vai sobrar o choro ????????. pic.twitter.com/3uQYszPVtj
— Rumo ao tetra João (@Rumo_Tetra_Joao) October 26, 2025