POLÍTICA

Lula indica que não impediria prisão de Putin no Brasil

Presidente diz que o russo será convidado para a cúpula do G20, que será realizada no Rio de Janeiro em novembro de 2024

Por POLÍTICA JB
[email protected]

Publicado em 05/12/2023 às 07:14

Alterado em 05/12/2023 às 07:21

Lula e Putin em 2005 Foto: AP / Aleksander Zemlianichenko

Em agenda oficial em Berlim, na Alemanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira (4) que convidará o presidente russo, Vladimir Putin, para a reunião de cúpula do G20 no Brasil, em 2024, apesar de o mandatário ser alvo de um mandado de prisão pelo Tribunal Penal Internacional.

"Ele tem um processo e tem que aferir as consequências. Não sou eu que vou dizer. Ele vai ser convidado. É uma decisão judicial. Ele sabe o que vai acontecer se comparecer. Pode acontecer ou não acontecer", disse.

A Rússia não é signatária do Tribunal Penal Internacional. "Os Estados Unidos também não. O Brasil é signatário, então tem responsabilidade", acrescentou Lula.

Ao sinalizar que não impediria a prisão, Lula desfez uma declaração dada em setembro, quando afirmou que Putin poderia vir com "tranquilidade", pois não seria preso.

O Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão em março contra Putin acusando-o de ser responsável por crime de guerra pela deportação ilegal de pelo menos 100 crianças da Ucrânia, depois que a Rússia invadiu o país vizinho.

A medida obriga os 123 Estados-membros do tribunal a prender Putin e transferi-lo para Haia para julgamento se ele pisar em seus territórios. (com Ansa e Reuters)

Esperança de ainda assinar Mercosul/UE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (4) que ainda tem esperanças de concluir o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, apesar dos recentes posicionamentos contrários de Argentina e França.

"Eu só posso dizer para você que não vai ter assinatura na hora que eu tiver o não. Enquanto eu puder acreditar que é possível fazer esse acordo, eu vou lutar para fazer", declarou o petista durante coletiva de imprensa ao lado do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.

"Depois de 23 anos, se a gente não concluir, é porque estamos sendo irrazoáveis com as necessidades que temos de avançar nos acordos políticos, sociais e econômicos", acrescentou.

As declarações chegam após o presidente da França, Emmanuel Macron, ter dito que o texto atual do pacto Mercosul-UE "não é bom para ninguém" e é prejudicial ao meio ambiente.

Por sua vez, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, que deixará o cargo para Javier Milei em 10 de dezembro, também disse que não assinará o acordo.

"Sou brasileiro e não desisto nunca e não vou desistir enquanto não conversar com todos os presidentes e ouvir o não de todos.

Aí vamos partir para outra", reforçou Lula.

O líder progressista ainda destacou que "nenhum presidente da França", e não apenas Macron, se propôs a "fazer acordo com o Mercosul porque eles têm problemas políticos e financeiros com os produtores" agrícolas locais.

Além disso, cobrou que a UE "decida se tem ou não interesse na conclusão de um acordo equilibrado". No entanto, ressaltou que "as pessoas não são obrigadas a fazer aquilo que você quer".

O Mercosul critica um documento adicional sobre meio ambiente apresentado por Bruxelas e o artigo que permite a participação de empresas europeias em licitações governamentais no bloco sul-americano e vice-versa. (com Ansa)