POLÍTICA

Foragidos e vulneráveis fizeram Pix para Bolsonaro

Levantamento, conduzido por uma equipe de especialistas cedidos à CPMI dos Atos Golpistas, esmiuçou os detalhes sobre a vaquinha milionária do ex-presidente

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 24/10/2023 às 16:31

Alguns seguidores de Jair Bolsonaro, agora, terão mesmo é de se contentar em fazer arminha com as mãos Foto: Reprodução

Uma análise minuciosa realizada pela CPMI dos Atos Golpistas revelou que 1.365 pessoas com mandados de prisão em aberto doaram o total de R$ 27.227,26 para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O levantamento, conduzido por uma equipe de especialistas cedidos à comissão, considerou todos os registros de mandados de prisão no Banco Nacional de Monitoramento de Prisão (BNMP).

O valor equivale a 0,16% dos mais de R$ 18 milhões arrecadados pelo ex-capitão na vaquinha que ele criou para pagar as multas que recebeu da Justiça de São Paulo por não ter usado máscara durante a pandemia da Covid-19. A análise ampla mostra que um único foragido da Justiça fez uma contribuição única de R$ 5 mil para Bolsonaro. Por fugir do tema principal do colegiado, as informações não foram incluídas no relatório final, elaborado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e aprovado em 18 de outubro.

O documento também mostra que, dentre as 770.226 pessoas que enviaram dinheiro à conta de Bolsonaro, quase um terço (244.927) está registrada no Cadastro Único (CadÚnico) do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o que, na teoria, significa que essa população vive em vulnerabilidade social. Ainda assim, esse grupo 'vulnerável' doou cerca de R$ 2,4 milhões, com 22 doadores contribuindo acima de R$ 1 mil, somando R$ 24.462,11.

Doadores com renda abaixo ou igual a dois salários-mínimos (R$ 2.640), que totalizam 150.196 pessoas, doaram R$ 1.900.448,90. Entre eles, 50 doaram acima de R$ 1 mil, resultando em R$ 58.834,00.

A análise também identificou que há 249 nomes que, além de doadores, são alvos de investigação por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro, incluindo figuras como o ex-ajudante de ordens Osmar Crivelatti e o policial rodoviário federal Marcelo de Ávila.

Vaquinha sob análise

As doações estão agora sob escrutínio da Procuradoria-Geral da República (PGR), que defende o envio do caso à Polícia Federal (PF), após parlamentares alegarem que a maioria dos doadores está sob investigação por atos antidemocráticos. O ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões por meio de Pix entre janeiro e julho deste ano, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

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