POLÍTICA

'Chegou o momento de pôr fim ao derramamento de sangue', diz chanceler brasileiro

Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, também repudiou 'paralisia' do Conselho de Segurança da ONU

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 21/10/2023 às 11:01

Alterado em 21/10/2023 às 11:31

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira: incansável na busca dos brasileiros presos em Gaza Antônio Cruz/Agência Brasil

O ministro brasileiro das Relações Exteriores (MRE), Mauro Vieira, disse, neste sábado (21), no Cairo, na capital do Egito, que sua expectativa sobre o encontro convocado pelo governo egípcio para discutir a crise humanitária provocada pela guerra entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, é grande.

“A expectativa é que se crie uma consciência de que é chegado o momento de pôr um ponto final a este derramamento de sangue e a essa guerra que, no fundo, afeta todo o mundo”, disse o chanceler brasileiro, antes do início do encontro.

Vieira representa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na cúpula egípcia. Também participam do encontro membros permanentes no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), países do mundo árabe e outros atores na região do conflito. Durante o mês de outubro, o Brasil está na presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU.

O chanceler brasileiro adiantou que foi ao Cairo levar a mesma mensagem apresentada por ele em Nova York (EUA) durante a reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, na última quinta-feira (19), a de que é chegado o momento de se tomar medidas de ajuda humanitária para aliviar o sofrimento do povo de Gaza.

“Não é possível mais que continuem com uma carência absoluta de todos os víveres, de todas as necessidades, de água. Precisamos discutir essa questão antes que a situação se transforme num problema humanitário de maior volume ainda.”

Mauro Vieira disse, ainda, que serão discutidas as questões relativas ao conflito, tanto sobre os atos do Hamas contra Israel, o qual ele condenou, como também a reação do Estado de Israel a esses atos de violência, que já vitimaram, aproximadamente, 4,4 mil pessoas, do lado palestino, e cerca de 1,4 mil, do lado de Israel.

“Sugiro que continuemos essa conversa no mais alto nível possível, na tentativa de continuar buscando consenso para ação imediata”, disse o chanceler neste sábado. “A paralisia do Conselho de Segurança prejudica a segurança e a vida de milhões de pessoas.  Isso não é do interesse da comunidade internacional", retificou.

Veto na ONU

No início desta semana, os Estados Unidos vetaram no Conselho de Segurança um projeto de resolução liderado pelo Brasil que defendia uma pausa nos bombardeios israelenses para permitir o acesso humanitário à Faixa de Gaza. Condenava expressamente os "odiosos ataques terroristas" do Hamas e ressaltava que "os civis em Israel e no território palestino ocupado, incluindo Jerusalém Oriental, devem ser protegidos, de acordo com a legislação internacional".

“Apesar dos esforços, o Conselho de Segurança foi lamentavelmente incapaz de adotar uma resolução”, criticou Vieira neste sábado. “No entanto, os muitos votos favoráveis que o projeto de resolução recebeu – 12 de 15 – provam o amplo apoio político a uma ação rápida por parte do conselho. Acreditamos que esta visão é compartilhada pela comunidade internacional em geral".

Com Agência Brasil