POLÍTICA

Lula nomeia seu ex-carcereiro da prisão em Curitiba para cargo na Presidência

"Foi no meu ombro que ele chorou depois de saber da morte do neto", disse agente Paulo Rocha Gonçalves Júnior, o Paulão, que será transferido para Brasília

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 22/09/2023 às 12:33

Alterado em 22/09/2023 às 22:01

Lula ficou 580 dias preso na Superintendência da PF em Curitiba Nelson Almeida/AFP

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou um velho amigo para atuar na Presidência da República. Trata-se do agente da Polícia Federal Paulo Rocha Gonçalves Junior, o Paulão, que foi carcereiro do presidente durante os mais de 500 dias em que ele ficou detido na Superintendência da corporação em Curitiba, no Paraná - por determinação do ex-juiz e agora senador Sérgio Moro (União-PR) - , no âmbito da operação Lava Jato.

A decisão foi publicada nesta quinta-feira (21) em edição extra do Diário Oficial da União, em portaria assinada pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli. No texto, o ex-interventor do Distrito Federal pede que o servidor, que foi liberado de seu posto na corporação, se apresente imediatamente ao novo órgão. Agora, Gonçalves Júnior vai se mudar para Brasília, onde vai trabalhar diretamente com Lula.

Paulão esteve ao lado de Lula entre abril de 2018 e novembro de 2019, tempo em que o então detento e seu carcereiro estreitaram laços e se tornaram grandes amigos. Nesse período, o petista perdeu o irmão mais velho, Genival, e o neto de apenas seto anos, Arthur. “Foi no meu ombro que ele chorou depois de saber da morte do neto”, disse Paulão à imprensa depois da eleição de Lula em 2022.

“Com a morte do irmão mais velho, o Lula ficou muito triste, mas o irmão tinha alguma idade, problemas de saúde. Já a morte do neto ele sentiu como antinatural, como inesperada, foi o pior momento, sem dúvida, daqueles 580 dias”, lembrou o agente federal.

Em Curitiba, Paulão era o subchefe do núcleo de operações da carceragem da PF. Ele era o responsável pela abertura da cela de Lula, às 8h, e também pelo fechamento, às 17h. Ele conduzia as visitas recebidas pelo presidente às quintas-feiras, servia as refeições e acompanhava Lula ao local onde tomava banho de sol.

Lula manteve bom relacionamento com o ex-carcereiro mesmo após ser solto. Em 2022, durante a campanha eleitoral, ele fez questão de chamar Paulão para integrar a equipe que faria a sua segurança pessoal. Assim como os outros policiais federais escolhidos, seu nome foi apontado pelos representantes da campanha petista, mas o pedido partiu diretamente de Lula. Ele integrou o grupo sob a coordenação de Andrei Passos, hoje diretor-geral da PF.

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