POLÍTICA
Bolsonaro sabia da venda e resgate das joias, indicam mensagens em celular de Mauro Cid
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 21/08/2023 às 11:28
Alterado em 21/08/2023 às 12:03
Mensagens no celular do tenente-coronel Mauro Cid, interceptadas pela Polícia Federal, indicam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sabia tanto das vendas quanto do resgate das joias recebidas por seu governo em viagens oficiais. O ex-ajudante de ordens, preso desde maio no inquérito sobre fraude nos cartões de vacinação, também é investigado por vender indevidamente os presentes dados por delegações estrangeiras ao governo brasileiro.
Uma fonte da PF confirmou ao Fantástico, neste domingo (20), que o ex-presidente tinha sim conhecimento do esquema, o que contraria sua narrativa de que o ex-funcionário agia com "autonomia". Apesar da informação, as análises da PF ainda não estão prontas. Foi o próprio ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), quem autorizou a quebra de sigilo de dados de Cid e bancário e fiscal de Bolsonaro e Michelle Bolsonaro.
A corporação investiga se o ex-presidente foi beneficiado com o dinheiro do comércio. A PF também apura quem mandou vender as joias nos Estados Unidos.
Além do ex-chefe do Executivo, estão na mira da PF as contas de Cid; do general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; e do advogado Frederick Wassef, que confessou ter recomprado o Rolex vendido à uma joalheria Estados Unidos. Segundo a corporação, a investigação apontou que os valores obtidos dessas vendas ilegais foram convertidos em dinheiro em espécie e ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados.
Joias analisadas
A análise das joias acontece dentro do Instituto Nacional de Criminalística, no complexo da PF, em Brasília. Ao menos quatro laboratórios também estão envolvidos na perícia. De acordo com o Fantástico, os peritos elogiaram a "excelente qualidade" dos diamantes encontrados nas joias femininas. E também identificaram 3.161 diamantes somente em um colar dado de presente ao governo brasileiro. Segundo o programa, o valor estimado é de aproximadamente R$ 4,15 milhões.
Um relógio todo de diamantes, da pulseira até o mostrador, e avaliado em R$ 1 milhão, também estava na caixa. Os outros kits são masculinos – um de ouro branco, outro de ouro rosé –, com caneta, abotoaduras, anel, rosário islâmico e relógio. O relógio mais caro é o rosé, da marca Choppard: R$ 695 mil. A caneta de ouro branco, com 1.120 pequenos diamantes, custa R$ 100 mil.
Na última etapa foi analisado o relógio Rolex, entregue ao então presidente Jair Bolsonaro em viagem à Arábia Saudita, em 2019, que faz parte do kit ouro branco. Ele é cravejado com 184 diamantes. Antes de serem reunidos na Polícia Federal, os kits foram desmembrados: o Rolex foi vendido por US$ 68 mil, junto com o Patek Phillipe, que está desaparecido e foi avaliado pela PF em US$ 75 mil.