POLÍTICA

Wassef diz que 'nunca vi esse relógio', mas nome dele aparece no recibo de recompra; PF vê 'provas contundentes'

Em declaração neste domingo, advogado de Bolsonaro desafiou a 'provarem as acusações' contra ele

Por GABRIEL MANSUR
[email protected]

Publicado em 14/08/2023 às 12:23

Alterado em 14/08/2023 às 12:36

Frederick Wassef, suspeito de recomprar relógio vendido ilegalmente Foto: Pedro França/Agência Senado

O nome de Frederick Wassef, ex-advogado de Jair Bolsonaro e família, aparece no recibo de recompra de um relógio Rolex, numa transação que teria sido feita nos Estados Unidos. O presente foi dado ao ex-presidente durante uma viagem oficial à Arábia Saudita, enquanto ele exercia a condição de chefe de estado, e vendido ilegalmente no exterior. A Polícia Federal acredita que o recibo é uma "prova contundente" contra o advogado do ex-presidente. A informação é do colunista político Valdo Cruz, do g1.

Diante da evolução da investigação sobre as vendas ou apropriações ilegais de patrimônio público, Wassef emitiu um comunicado alegando ser vítima de um julgamento injusto e assegurou que não participou de qualquer operação desse tipo. Entretanto, no contexto atual, Wassef é alvo de investigação não pela venda, mas sim pela recompra do Rolex.

A Polícia Federal pretende convocar Wassef para prestar depoimento e conduzir uma análise sobre a origem do dinheiro utilizado na recompra. Além disso, a PF quer saber como foi feito o pagamento, se em espécie ou por meio de transferência bancária.

Nesta investigação, a PF vai ter a colaboração das autoridades dos Estados Unidos, onde o relógio foi vendido. A ajuda deverá facilitar a obtenção de informações relacionadas ao valor da venda e da recompra.

Wassef foi designado para realizar a recompra do Rolex nos Estados Unidos após o Tribunal de Contas da União (TCU) determinar que o presente fosse restituído ao erário público, já que o item não constituía um bem de natureza estritamente pessoal e não poderia ter sido incorporado ao patrimônio privado de Bolsonaro.

Oficialmente, a equipe de Bolsonaro afirmava que o relógio estava no Brasil e seria devolvido para a União. Só que os assessores de Bolsonaro ganhavam tempo até que o relógio fosse encontrado e recomprado. No dia em que a operação foi realizada, a equipe do ex-presidente da República comemorou como missão cumprida.

Wassef se pronuncia

Em entrevista a Andréia Sadi, também do g1, Wassef disse nunca ter nunca visto o Rolex, embora seu nome apareça no boleto de recompra.

"Nunca vi esse relógio. Nunca vi joia nenhuma (...) Nunca na minha vida. Desafio a provarem isso. Falo e garanto", afirmou Wassef na noite deste domingo (13).

Wassef também disse ao blog que não coloca a mão no fogo por ninguém, "[só] pela minha mãe". Porém, destacou que a chance de Bolsonaro receber a joia é zero, e que não sabe responder se alguém faria tamanha operação sem consentimento do presidente.

"Eu disse que não sabia de nada, mas que eu ia ligar para Bolsonaro e retornava. Liguei, o presidente me disse: Fred, pode fazer uma nota, você vai ser o meu advogado nesse caso e falar em meu nome. E fizemos uma ligação: eu, Bolsonaro e Fabio Wajgarten, e Bolsonaro deu uma ordem: é o Fred, faça a nota e publique. Antes disso, não é que eu nunca vi nenhuma joia, nenhum presente".

Deixe seu comentário