POLÍTICA
Silvinei Vasques se reuniu com Bolsonaro e Anderson Torres horas após blitze do 2º turno
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 09/08/2023 às 20:08
Alterado em 09/08/2023 às 20:08

Depois de ordenar a operação com intuito de sabotar os eleitores de Lula no Nordeste, no dia do segundo turno das eleições presidenciais do ano passado, em 30 de outubro, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, foi ao encontro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio da Alvorada. Ele estava acompanhado do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. A reunião consta nos registros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
O encontro vem à tona no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou a prisão de Silvinei após a Polícia Federal encontrar provas de que as blitze nas estradas do Nordeste foram direcionadas contra Lula. Ele foi preso em Florianópolis, nesta quarta-feira (9), e será transferido para Brasília.
Os investigados podem responder por prevaricação e violência política, além dos crimes de impedir ou embaraçar o exercício do voto e ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade dos mesmos a determinado partido ou candidato.
O roteiro
Após votar no Rio de Janeiro, Bolsonaro chegou por volta das 15h30 ao Alvorada, onde acompanhou a apuração. Uma hora depois, às 16h31, Silvinei chegou à residência oficial do presidente juntamente com Anderson Torres. Os dois deixaram o local quase uma hora depois, por volta das 17h20.
Pouco antes do encontro com Bolsonaro, Silvinei esteve no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por ordem de Alexandre de Moraes, presidente da corte. Na ocasião, Moraes ameaçou prender Silvinei caso a PRF não liberasse, em até 20 minutos, as vias bloqueadas, segundo informou a revista piauí.
Anderson Torres também é investigado no caso. O ex-ministro da Justiça, que chegou a ficar preso por quatro meses, é hoje monitorado com tornozeleira eletrônica por suspeita de ter se omitido nos atos de 8 de janeiro.
A investigação
A PF encontrou imagens de um mapeamento de municípios onde o então candidato Lula (PT) teve mais de 75% dos votos no primeiro turno. O levantamento estava no celular de Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça de Torres. Marília participou da Operação Eleições, em que blitze foram realizadas no dia do segundo turno das eleições do ano passado e atrasaram a chegada de eleitores nos seus locais de votação.
As informações constam em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal que embasou a prisão de Silvinei Vasques.
A prisão foi autorizada por Moraes, que viu conduta "gravíssima" e "ilícita". Moraes ainda apontou que a liberdade de Silvinei poderia "comprometer a eficácia das diligências", uma vez que, mesmo aposentado, o ex-diretor da PRF ainda tem influência e "reverência" entre os agentes.