POLÍTICA

Governadores do Nordeste condenam fala separatista do mineiro Romeu Zema

Bolsonarista defendeu uma frente Sul-Sudeste contra os estados do Norte e do Nordeste do país

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 06/08/2023 às 18:44

Alterado em 06/08/2023 às 22:31

Governador Romeu Zema Foto: Agência Brasil

O discurso separatista do governador mineiro Romeu Zema (Novo) durante entrevista ao Estadão, publicada neste sábado (5), não pegou bem entre os governadores nordestinos. O político defendeu a criação de uma frente Sul-Sudeste contra os estados do Norte e do Nordeste do país.

Em nota assinada pelo governador paraibano João Azevêdo (PSB), que preside o Consórcio Nordeste e representa os outros oito chefes de executivos estaduais da região, os políticos afirmam que Zema parece "aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual".

"Nesse contexto, indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades", diz a nota do Consórcio Nordeste.

A nota também explica que os consórcios Nordeste e da Amazônia Legal foram criados "valendo-se da profunda identidade regional, cultural e histórica."

O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), reagiu às declarações e, em sua conta no Twitter, disse que o mineiro “revela-se o maior inimigo da federação brasileira” e que “quem apostar contra a união do povo brasileiro vai perder”.

O caso

Zema afirmou que foi criado um consórcio reunindo estados de Sul e Sudeste em oposição ao Norte e ao Nordeste. Ele diz que os estados devem "lutar" por uma maior igualdade nos repasses e programas do governo federal. A fala gerou fortes críticas de políticos de todo o país, especialmente os de esquerda.

"Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso", disse o governador.

Para os chefes de Executivos nordestinos, contudo, a constituição de seu consórcio, assim como o da Amazônia Legal, nega qualquer “lampejo separatista” e aposta no “fortalecimento de um projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução”, no sentido contrário ao da entrevista de Zema.

“Já passou da hora de o Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais", conclui a nota.

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