POLÍTICA
Líder de 'motociatas' em São Paulo mostra carne a R$ 30 e critica Bolsonaro e Guedes: 'Como fui tão trouxa?'
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 17/07/2023 às 23:28
Alterado em 17/07/2023 às 23:45
Um vídeo no mínimo curioso viralizou nas redes sociais nesta segunda-feira (17). O empresário conhecido como Jackson Villar da Silva, um dos mais ruidosos bolsonaristas de São Paulo, sendo inclusive lobista das motociatas em apoio ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), além de ter articulado bloqueios de estradas após a vitória de Lula (PT) no segundo turno das eleições, apareceu 'arrependido' de sua escolha durante compras no supermercado.
Villar, primeiro, ressalta a queda no preço do óleo de cozinha, que no estabelecimento do vídeo custa apenas R$ 5. Ele, então, questiona o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, a quem chama de 'pilantra', por não ter conseguido reduzir o preço dos produtos. Ele diz ainda que 'esse Paulo Guedes tinha que ser preso' e que 'ferrou o país'. Na sequência, ele critica Bolsonaro por ter dito, durante seu mandato, 'que a carne virou cada vez mais um produto de luxo'. E mostra que uma peça de contra-filé está custando R$ 30. 'Peguei logo três peças', destacou.
Ele ainda diz que o pão de forma que custava R$ 12, agora está a R$ 5. Villar se diz arrependido por ter apoiado Bolsonaro: “Como eu fui tão trouxa em apoiar uns cretinos desses? Bota na cadeia.” A publicação já tem 950 mil visualizações em seu perfil no TikTok em 24 horas. Diz Vilar:
"Por que no seu governo você não conseguia baixar essa p*? Hein, miserável? Esse Paulo Guedes tinha que ser preso, esse cara tinha que pagar pelo que ele fez com o país, ele ferrou o país. Aí você tinha que ver o Bolsonaro (dizer): 'Cada vez mais a carne está virando um produto de luxo no mundo inteiro'. Um país como esse cheio de boi, uma plantação dessa, e o cara tem que falar que a carne está virando produto de luxo. Dá vontade de pegar um cabra desse e dar uma pisa", desabafa o empresário na gravação.
Jackson termina o vídeo dizendo que se solidariza com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi atacado, junto com seu filho, por bolsonaristas em Roma. “Isso é legal? O cara agredir o filho de um cara. Porra, bicho... Não tenha dó, não, Xandão, bota esses vagabundos todos na cadeia", encerra.
Histórico de 'traição'
O comerciante foi um bolsonarista convicto por quase todo o mandato vigente. Em março de 2021, por exemplo, chegou a organizar caravanas de São Paulo até Brasília que mobilizaram empresários em prol do "socorro certo".
No entanto, passou a se voltar contra Bolsonaro em alguns momentos. Ele chegou a chamá-lo de "traidor", em setembro do mesmo ano, quando o então presidente atribuiu ao "calor do momento" os xingamentos e ameaças que fez contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes em ato no dia 7 de setembro.
"Não acredito em Bolsonaro mais. Podem me chamar de traidor, do que você quiser, canalha. Traidor que quer andar de helicóptero para sobrevoar vendo a gente. Vou queimar minha camisa com o nome Bolsonaro. Você não merece respeito, Bolsonaro. Você traiu os motociclistas, os caminhoneiros. Você traiu o seu povo porque você é um frouxo, covarde. Bolsonaro, te apoiei até hoje e a partir de agora quero que você vá à m*", disse Vilar em vídeo de 2022.
Em outros posicionamentos nas redes, demonstrou ser contra a CPI da Covid-19 e a favor da ditadura militar. Em 2021, publicou uma mensagem em que escreveu "Salve o dia 31 de março de 1964, o dia em que o Brasil disse não ao comunismo". Menos de três meses após esta publicação, organizou a primeira edição da "Acelera para Cristo", que descreve como "a maior motociata do mundo em SP".
Em abril de 2022, organizou uma segunda manifestação de motociclistas a favor do presidente. Durante o evento, eles percorreram um trajeto de 130 quilômetros entre a capital de São Paulo e a cidade de Americana. O ato custou R$ 1 milhão aos cofres públicos, segundo a Secretaria de Segurança Pública de SP.
Dono de uma loja de móveis na capital paulista, Vilar se apresenta como embaixador do comércio da Zona Sul de São Paulo. Durante a pandemia, chegou a receber R$ 5.700 - em pelo menos quinze parcelas - de auxílio emergencial do governo federal entre abril de 2020 e outubro de 2021, segundo o Portal da Transparência.