POLÍTICA

CGU diz que kit robótica pago com emenda de Lira gerou déficit de R$ 4,2 milhões nos cofres da União

Verba foi enviada para o município de Canapi, Alagoas, que tem uma população estimada de 17 mil pessoas

Por GABRIEL MANSUR
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Publicado em 09/06/2023 às 18:50

Alterado em 10/06/2023 às 07:57

Arhur Lira Valter Campanato/Agência Brasil

O Kit de robótica pago com emenda parlamentar de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, deu prejuízo de R$ 4,2 milhões aos cofres públicos.

É o que aponta um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) obtido pela Folha de S. Paulo nesta sexta-feira (9). Os equipamentos foram enviados para o município de Canapi, Alagoas, domicílio eleitoral de Lira. Conforme último censo do IBGE, a cidade tem uma população estimada de 17 mil pessoas.

Além disso, nenhuma das 35 escolas do município tem laboratório de ciências, por exemplo, e mais da metade não tem acesso à internet, segundo informou a Folha.

A CGU analisou dois contratos com recursos de emendas para compra do kit robótica, material de apoio aos alunos e de professores e capacitação de docentes.

A cidade de Canapi repassou R$ 7,4 milhões para a Megalic, empresa do pai do aliado do cacique do Progressistas, sendo R$ 5,7 milhões em 2022.

O relatório da CGU é utilizado pela Polícia Federal na operação Hefesto, que mira desvios nos contratos firmados pela Megalic. O órgão federal lista ao menos quatro problemas nas contratações da empresa e sugere irregularidades nos processos para aquisição dos kits de robótica.

A Controladoria constatou, entre outros pontos, a "falta de planejamento nas compras, o que resultou na aquisição de um só tipo de kit em quantidade maior do que a necessária".

Defesa se posiciona

A defesa da Megalic, em nota, afirmou haver "grande equívoco" nas suspeitas e que todos os contratos se deram a partir de parâmetros técnicos do Ministério de Educação (MEC) e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), com processo licitatório e ampla competitividade.

A Megalic e seus sócios estão sendo investigados pela Polícia Federal de Alagoas. O principal auxiliar de Lira, Luciano Cavalcante, foi alvo de operação em 1º de junho.

Lira, no entanto, não é investigado. Ainda assim, ele faz questão de afastar sua imagem do caso. Após ação da PF contra os aliados, ele alegou que era a Mesa Diretora da Câmara que se responsabilizava pelo encaminhamento das emendas de relator, isto é, orçamento secreto.