POLÍTICA

Senadora Damares Alves, ex-ministra de Bolsonaro, diz que não sabia sobre os 290kg de maconha no avião do tio e padrinho político

Aeronave pertence à Igreja Quadrangular do Pará, liderada pelo ex-deputado federal e pastor Josué Bengtson

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 30/05/2023 às 15:48

Alterado em 30/05/2023 às 21:44

Damares Alves reprodução

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra de Jair Bolsonaro (PL), ultraconservadora e amiga da ex-primeira-dama Michelle, se manifestou após a Polícia Federal apreender 290 quilos de maconha, especificamente skunk, sábado passado (27), num avião que pertence à Igreja do Evangelho Quadrangular do Pará.

O grupo religioso é liderado pelo ex-deputado federal e pastor evangélico Josué Bengtson, tio da parlamentar e um dos responsáveis pelo ingresso dela na política.

Damares afirmou que, após o caso vir à tona, entrou em contato com a família e foi informada que a carga suspeita havia sido carregada na aeronave sem autorização. “Em seguida, a Polícia Federal assumiu o caso e tomou as medidas cabíveis”, disse, em nota.

No mesmo comunicado, emitido nesta segunda-feira (29), ela confirmou o grau de parentesco com Josué e alegou ter tomado conhecimento sobre a operação por meio da imprensa.

“A senadora Damares Alves confirma que o ex-deputado federal Josué Bengston é seu tio. Sobre a operação realizada pela Polícia Federal em Belém, neste final de semana, a senadora tomou conhecimento hoje pela manhã (segunda), através da imprensa. Damares Alves entrou em contato com a família e foi informada que a denúncia à Polícia Federal sobre uma carga suspeita carregada na aeronave foi realizada pelos responsáveis pelo avião, ou seja, pela própria Igreja. Em seguida, a Polícia Federal assumiu o caso e tomou as medidas cabíveis”, informou.

A carga foi descoberta pela PF em um hangar de voos particulares no Aeroporto Internacional de Belém. A droga seria levada para Petrolina, em Pernambuco. Um suspeito foi preso em flagrante.

De acordo com a assessoria da IEQ, o avião monomotor Bonanza é utilizado há três anos para o transporte de pastores pelo Pará e também para remover pessoas doentes, quando necessário.

Segundo a igreja, um prestador de serviços terceirizados que faz a limpeza do avião procurou o piloto para fazer um voo em que seriam, supostamente, transportadas peças de tratores. Ainda segundo a igreja, o piloto se negou a levantar voo e a polícia foi acionada.

Já a PF informou que soube "a partir de informações de inteligência" que havia um carregamento de entorpecente com plano de voo para Petrolina. A corporação disse também que, minutos antes da decolagem, o responsável pela droga foi abordado, enquanto caminhava do pátio para a aeronave.

O suspeito correu para fora do aeroporto, mas foi alcançado. O homem, que não teve a identidade divulgada, foi autuado por tráfico interestadual de drogas. Ele teve o celular apreendido. Já o piloto, segundo a PF, não foi preso por não ter sido verificada participação dele no crime.

Nesta terça-feira, a PF informou que o caso continua sob investigação.

Parentesco

Damares é sobrinha do ex-deputado federal Josué Bengtson, pastor e um dos principais líderes da Igreja Quadrangular no Pará.
Além de parente, Bengtson é considerado padrinho político de Damares, que foi ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Foi por meio do tio que Damares se tornou pastora da Quadrangular na década de 1980. O pai da senadora também foi pastor da IEQ.

Em 1999, Damares mudou-se para Brasília para trabalhar no gabinete de Bengtson, então deputado federal pelo PTB da Bahia. Atualmente, Josué Bengtson é presidente do Conselho Estadual dos Pastores da Quadrangular no Pará e pastor titular na igreja do bairro Pedreira, em Belém.

Posicionamento do IEQ

A Igreja do Evangelho Quadrangular recebeu com surpresa a notícia do envolvimento do monomotor Bonanza, de sua propriedade, com carga não autorizada.

Ao tomar conhecimento, imediatamente, a Igreja do Evangelho Quadrangular do Estado do Pará acionou a Polícia Federal, que efetuou a prisão de uma pessoa e apreendeu a carga.

É interesse da Igreja que tudo seja esclarecido e, portanto, reafirma o seu compromisso de colaborar com as investigações.