POLÍTICA

Lula diz que visita de Maduro ao Brasil é 'histórica', e fala em retomar relações com a Venezuela

Presidente venezuelano não visitava o Brasil desde 2015, quando esteve na posse do segundo mandato de Dilma Rousseff

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 29/05/2023 às 17:06

Alterado em 29/05/2023 às 17:24

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliou como "momento histórico", nesta segunda-feira (29), a reunião com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto. Lula também afirmou que o encontro "reflete uma política externa séria".

"Depois de oito anos, o presidente Maduro volta a visitar o Brasil, e nós recuperamos o direito de fazer política de relações internacionais com a seriedade que sempre fizemos, sobretudo com os países que fazem fronteira com o Brasil", disse o petista.

O mandatário venezuelano não visitava o país desde 2015, quando esteve na posse do segundo mandato de Dilma Rousseff.

"É um prazer te receber aqui outra vez. É difícil conceber que tenham passado tantos anos sem que mantivessem diálogos com a autoridade de um país amazônico e vizinho, com quem compartilhamos uma extensa fronteira de 2.200 km", declarou Lula.

Lula deu a declaração à imprensa ao lado de Maduro em Brasília. O venezuelano realiza visita oficial ao Brasil, anunciada de última hora pelo governo. Ele participa nesta terça (30) de encontro proposto por Lula com presidentes da América do Sul, na tentativa de retomar planos de integração das nações da região.

"Penso que esse novo tempo que estamos marcando agora não vai superar todos os obstáculos que você tem sofrido ao longo desses anos. Briguei muito com companheiros social-democratas europeus, com governos, com pessoas dos Estados Unidos. Achava a coisa mais absurda do mundo, para as pessoas que defendem a democracia, negarem que você era presidente da Venezuela, tendo sido eleito pelo povo. E o cidadão que foi eleito para ser deputado ser reconhecido como presidente", disse.

O "cidadão" citado por Lula é o autointitulado presidente da Venezuela Juan Guaidó, que era reconhecido como presidente pelo então presidente Jair Bolsonaro, pelos EUA na gestão Donald Trump e por outros líderes de direita no continente.

Oposicionistas ao governo Lula criticam essa posição de aproximação do Brasil com o governo venezuelano. Argumentam que a Venezuela é uma ditadura e que Maduro enfraqueceu as instituições democráticas do país.

Maduro fala em 'relação virtuosa'

Maduro discursou em seguida a Lula e também manifestou intenção de aprofundar as relações entre Brasil e Venezuela.

O presidente venezuelano disse ainda que o país vizinho está "de portas abertas" e "com plenas garantias" para o empresariado brasileiro. A Venezuela enfrenta uma crise econômica há mais de uma década, motivada pelas oscilações no preço internacional do petróleo e agravada por disputas ideológicas com Estados Unidos e outros antigos parceiros comerciais.

"Estamos preparados para retomar as relações virtuosas com os empresários brasileiros. A Venezuela está de portas abertas, com plenas garantias para todo o empresariado para que voltemos ao trabalho conjunto. Acredito ser muito positivo. Nós amamos a história do povo brasileiro, a força e alegria espiritual. Que nunca mais ninguém feche a porta. Brasil e Venezuela têm que estar unidos, daqui para frente e para sempre", disse Maduro.

Visita 'sigilosa'

Maduro está no Brasil para a cúpula de líderes da América do Sul que começa nesta terça (30). Ele chegou ao Planalto às 10h36 acompanhado de sua esposa, Cilia Flores Maduro, e subiu a rampa do palácio, onde foi recepcionado por Lula e a primeira-dama, Janja.

A visita oficial de Maduro só entrou na agenda de Lula na manhã desta segunda, poucas horas antes do início dos ritos —vindas de chefes de Estado costumam ser divulgadas com muita antecedência.

O governo nem mesmo confirmava um encontro bilateral entre os dois chefes de Estado, à margem do encontro com os sul-americanos. A informação, porém, circulava nos corredores do Palácio do Planalto.

Os dois, então, tiveram um encontro reservado, seguido de uma reunião ampliada, com assessores e ministros dos dois lados.

Da parte do Brasil participaram, além de Lula, o vice Geraldo Alckmin, o assessor especial da Presidência Celso Amorim e os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Carlos Fávaro (Agricultura) Alexandre Silveira (Minas e Energia) e o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli.

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