POLÍTICA
PF apura transações suspeitas entre ex-assessor de Bolsonaro e empresa com contratos do governo
Por GABRIEL MANSUR
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Publicado em 14/05/2023 às 14:57
Alterado em 14/05/2023 às 18:53

A Polícia Federal está investigando as transações financeiras entre um ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro e uma empresa que possui contratos com o governo federal.
A quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático do ajudante de ordens, identificado como Luis Marcos dos Reis, foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), entre os meses de outubro e dezembro de 2022.
Luis dos Reis foi um dos presos no último dia 3 de maio na operação Venire, que investiga a inserção fraudulenta de dados no sistema de vacinação do Ministério da Saúde.
As investigações se baseiam em mensagens encontradas no celular de Mauro Cid, braço direito do ex-presidente e ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência. Essas mensagens levantaram indícios de transações suspeitas entre o ajudante de ordens Luis Marcos dos Reis e a empresa Cedro Líbano Comércio de Madeira e Materiais de Construção.
A análise das contas do ex-funcionário revelou várias transações entre ele e a empresa, ou pessoas vinculadas a ela, como uma de suas sócias, ao longo dos anos de 2019 a 2022, período em que Bolsonaro esteve no poder. A PF identificou um saldo positivo de cerca de R$ 32 mil nas transações entre o ex-assessor do ex-presidente e a empresa.
Luis Marcos dos Reis é servidor público, sargento do Exército Brasileiro, e estava lotado na Ajudância de Ordens da Presidência até julho de 2022.
A empresa Cedro Líbano, sediada em Goiânia (GO), também chamou a atenção da PF devido a disparidade entre as atividades comerciais da empresa, que é voltada para o comércio varejista de madeira e artefatos, e os bens fornecidos nos contratos com o governo federal.
Por exemplo: a empresa forneceu uma "colhedora de forragem de uma linha para espécies de forrageiras" para uma universidade; e uma "plantadeira, tipo engate hidráulico" para um instituto, o que levantou suspeitas sobre a natureza dos contratos.
Segundo a PF, essas investigações evidenciam a necessidade de apurar possíveis irregularidades nas transações entre o ajudante de ordens de Bolsonaro e a empresa, bem como a relação dessas transações com o desvio de recursos da Presidência.
Desvios
Além das transações financeiras, a PF também investiga o envolvimento do ex-ajudante de ordens nas transações suspeitas relacionadas ao desvio de dinheiro da Presidência, supostamente realizadas a pedido de Michelle Bolsonaro.
Valores foram repassados para pessoas indicadas pelas assessoras da ex-primeira-dama, incluindo a tia de Michelle Bolsonaro, Maria Graces de Moraes Braga, que recebeu 12 depósitos em espécie.
Ele também fez três depósitos para Rosimary Cardoso Cordeiro, responsável por emitir um cartão de crédito utilizado por Michelle.
No pedido de quebra de sigilo para avançar na investigação sobre a relação do assessor de Bolsonaro, a PF aponta a empresa e as transações de Dos Reis com outros ajudantes de ordens. São citados Mauro Cid e Osmar Crivelatti.
Todas essas transações envolvem o custeio de despesas solicitadas pela ex-primeira dama e sob análise dos investigadores no inquérito das milícias digitais.
*Com informações da Folha de S. Paulo