MEIO AMBIENTE

Países em desenvolvimento querem triplicar fundos para adaptação climática, diz CEO da COP30

Em coletiva, diretora diz que financiamento público será o "pilar" da adaptação climática e que países em desenvolvimento querem triplicar os fundos para a medida, que hoje giram em torno de US$ 40 bilhões

Por JB AMBIENTAL
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Publicado em 23/10/2025 às 19:38

Alterado em 23/10/2025 às 19:38

Ana Toni, diretora da COP 30 Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

A adaptação climática é o próximo passo da sobrevivência humana, sucedendo e complementando a mitigação dos efeitos das mudanças no clima. É o que afirma a 8ª Carta da Presidência da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), apresentada nesta quinta-feira (23).

Em coletiva, o presidente designado da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, e Ana Toni, diretora-executiva do evento, destacaram a necessidade de financiar a adaptação climática.

Toni afirmou que, após duplicar o financiamento para a adaptação climática, para US$ 40 bilhões por ano (cerca de R$ 215 bilhões), os países menos desenvolvidos agora querem triplicar a cifra.

No entanto, o distanciamento dos Estados Unidos das questões climáticas levanta dúvidas sobre a viabilidade do projeto.

"Quando os EUA não estão no acordo, os países desenvolvidos têm um pouco de receio de triplicar e não conseguir ter um grande ator, um dos grandes financiadores, que são os EUA."

Em contraponto, ela destacou que países desenvolvidos já estão investindo entre 6% e 10% do PIB em adaptação climática. Diante disso, afirmou que a COP30 visa debater o tipo de financiamento para adaptação para países em desenvolvimento, que pode ser privado ou público.

"Essas contas que a gente tem muito claras em mitigação, em adaptação, isso não é a realidade ainda. Então o esforço que está sendo feito é chegar em números críveis e, sim, aumentar o financiamento público para adaptação — não pensando em um valor, e, sim, em instrumentos que dão acesso aos países que mais precisam."

O embaixador André Corrêa do Lago frisou que há uma grande preocupação relativa à tentativa de privatização do financiamento de adaptação, e destacou que o financiamento público "tem que ser a maior parte dos recursos para adaptação".

"A verdade é que o [financiamento] público continua sendo absolutamente essencial. […]. No caso como o de Porto Alegre, foi o governo que cobriu a maior parte dos custos das inundações. Não foi cooperação internacional, não foi ajuda internacional. Não tinha fundo para isso."

Ana Toni acrescentou que priorizar o financiamento público "não impede que haja financiamento privado, quando couber". "Não é um ou outro. Vamos precisar de ambos. E lembrar, também, [que] pode ter outros instrumentos econômicos, como troca de dívida por resiliência, como bônus. Então há uma diversidade de instrumentos econômicos, mas o financiamento público, ele é o pilar", afirma.
Em relação ao financiamento privado, Corrêa afirma que será feito por meio de uma filantropia que, a pedido da gestão do evento, está reunindo recursos.

"As filantropias têm apoiado o trabalho substantivo da COP, e isso tem sido importantíssimo para nós. Está viabilizando várias coisas, e portanto nós estamos muito agradecidos", concluiu o embaixador.

(com Sputnik Brasil)

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