JUSTIÇA
Menos da metade dos policiais de Castro usou câmeras corporais durante operação da matança no Rio, aponta Ministério Público
Por JB JURÍDICO com Revista Fórum
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Publicado em 15/11/2025 às 08:04
Alterado em 15/11/2025 às 08:04
. Foto: PM/RJ (arquivo)
Por Júlia Motta - Uma investigação feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) mostrou que menos da metade dos policiais que atuaram na Operação Contenção, ocorrida nos complexos da Penha e do Alemão, utilizou câmeras corporais. Segundo o MP, 77 dos 215 agentes do Bope e 57 dos 128 da Core estavam equipados com câmeras no momento da incursão.
O número foi revelado pelo comandante do Bope, Marcelo Corbage, e pelo chefe da Core, Fabrício Oliveira. A justificativa de ambos foi de que os equipamentos estavam "sem bateria".
A operação virou alvo do MP por ter sido a mais letal da história do país, com 121 mortos, além de uma série de relatos de violações de direitos e violência policial. O relatório também apontou indícios de mortes com características “fora do padrão de confronto”, como um cadáver com marcas de tiro à curta distância e outro com sinais de decapitação.
“Um corpo apresentava lesões com características de disparo de arma de fogo à curta distância (...) Outro corpo possuía lesão produzida por projétil de arma de fogo à distância, porém apresentava, adicionalmente, ferimento por decapitação, produzido por instrumento cortante ou corto-contundente", diz um trecho do relatório.
O documento foi elaborado pela Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT/CI2) do MP-RJ e as necropsias foram acompanhadas por técnicos do órgão no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto (IMLAP) entre os dias 28 e 30 de outubro.
Além dessas informações, o MP também descobriu que a operação estava prevista para durar entre 5 e 6 horas, mas só terminou após 12 horas.
O documento foi entregue ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da ADPF 635, ação que debate a letalidade policial durante a operação. Nesta segunda-feira (10), o ministro determinou que todas as imagens. sejam preservadas.
Operação mais letal da história do país
Ocorrida no dia 28 de outubro, a Operação Contenção foi considerada a mais letal da história do país ao deixar mais de 121 mortos. A ação ocorreu nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, ao comando do governador Cláudio Castro (PL). Devido à alta letalidade policial, a operação foi alvo de intensas críticas de especialistas em Segurança Pública e organizações dos direitos humanos.