JUSTIÇA

Réus 'pressionaram agressivamente o alto comando do Exército para ultimar o golpe de Estado', diz PGR

Segunda sessão de julgamento dos kids pretos do Exército, que planejaram matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, acontece nesta quarta, no STF. Assista ao vivo

Por JB JURÍDICO com Revista Fórum
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Publicado em 12/11/2025 às 07:08

Alterado em 12/11/2025 às 07:08

O Procurador Geral da República, Paulo Gonet, que será sabatinado nesta quarta, no Senado, em vias de ser reconduzido a mais dois anos no cargo Foto: Agência Brasil

Por Letícia Cotta - O procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, afirmou que militares das Forças Especiais do Exército, grupo conhecido como "kids pretos", “colocou autoridades públicas na mira de medidas letais” e pressionou o alto comando a ultimar o golpe de Estado que buscava manter o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A declaração foi feita durante o julgamento do núcleo 3 da trama golpista, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que analisa a denúncia contra dez réus, nove deles integrantes das Forças Armadas (FA) e um agente da Polícia Federal (PF). O grupo integrava o braço operacional da organização criminosa responsável por planejar ações violentas contra autoridades e instituições democráticas. Gonet pediu a condenação de todos os réus.

“Os réus processados nesta ação penal foram responsáveis por ações táticas da organização criminosa. É evidente a contribuição decisiva que proporcionaram para a caracterização dos crimes denunciados. Pressionaram agressivamente o alto comando do Exército para ultimar o golpe de Estado”, afirmou Gonet.

Ainda conforme a acusação, os “kids pretos” chegaram a elaborar um plano que previa o assassinato de autoridades, entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Gonet destacou que as investigações revelaram mensagens internas mostrando que os acusados sabiam da lisura do processo eleitoral, mesmo enquanto alimentavam a narrativa de fraude usada para justificar o golpe.

“Uma série de diálogos recolhidos nas investigações mostra que os réus estavam advertidos da lisura do processo eleitoral”, ressaltou o procurador-geral.

O advogado de Bernardo Romão Correa Netto, Ruyter de Miranda Barcelos, chegou a chamar a decisão de “monocrática”, no início da sua sustentação oral nesta terça. “As denúncias são baseadas em hipóteses, hipóteses que não se realizaram. Como vou defender meu cliente de hipóteses?”, tentou argumentar o advogado.

Quem são os réus
De acordo com a denúncia, nove deles respondem por organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, deterioração do patrimônio público e dano ao patrimônio tombado. Apenas Ronald Ferreira de Araújo Jr. teve a acusação atenuada para incitação ao crime.

O núcleo é composto por nove militares do Exército e um agente da Polícia Federal:

Bernardo Romão Corrêa Netto (coronel do Exército)
Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel do Exército)
Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira (general da reserva)
Fabrício Moreira de Bastos (coronel do Exército)
Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel do Exército)
Márcio Nunes de Resende Jr. (coronel do Exército)
Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel do Exército)
Ronald Ferreira de Araújo Jr. (tenente-coronel do Exército)
Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel do Exército)
Wladimir Matos Soares (agente da Polícia Federal)

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