JUSTIÇA
Após críticas a Zanin e ataques a Moraes, Lula defende que votos no STF sejam secretos
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 05/09/2023 às 11:43
O ministro Cristiano Zanin e o presidente Lula Foto: Ricardo Stuckert
Em meio às críticas da esquerda aos recentes posicionamentos tomados pelo ministro Cristiano Zanin, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), responsável pela indicação do seu ex-advogado ao Supremo Tribunal Federal (STF) defendeu, durante a live semanal desta terça (5), que os votos dos ministros doa Corte não sejam divulgados e que apenas os placares das votações se tornem públicos.
Lula, porém, não citou o nome de Zanin e disse que seu discurso tem relação com a segurança dos magistrados. Segundo ele, como forma de evitar "animosidade" contra as instituições. Recentemente, bolsonaristas atacaram os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
"Esse país precisa aprender a respeitar as instituições. Não cabe ao presidente da República gostar ou não de uma decisão da Suprema Corte. A Suprema Corte decide, a gente cumpre. É assim que é. Eu, aliás, se eu pudesse dar um conselho, é o seguinte: a sociedade não tem que saber como é que vota um ministro da Suprema Corte. Sabe, eu acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber. Votou a maioria 5 a 4, 6 a 4, 3 a 2. Não precisa ninguém saber foi o Uchôa que votou, foi o Camilo que votou. Aí cada um que perde fica com raiva, cada um que ganha fica feliz", disse Lula, referindo-se ao jornalista Marcos Uchôa e ao ministro Camilo Santana, da Educação, que estavam presentes na live.
Lula não chegou a defender expressamente que a votação seja secreta ou que as sessões deixem de ser transmitidas pela TV Justiça. E não explicou como seria esse novo modelo para que a sociedade "não soubesse" dos votos de cada magistrado.
"Para a gente não criar animosidade, eu acho que era preciso começar a pensar se não é o jeito de a gente mudar o que está acontecendo no Brasil. Porque do jeito que vai, daqui a pouco um ministro da Suprema Corte não pode mais sair na rua, não pode mais passear com a sua família, sabe, porque tem um cara que não gostou de uma decisão dele", prosseguiu.
Nas últimas semanas, o ministro do STF Cristiano Zanin passou a ser pressionado nas redes sociais por ter dado votos supostamente conservadores em temas como a descriminalização da maconha e a penalização da LGBTQIA+fobia.
Zanin foi indicado por Lula em junho e assumiu a cadeira no STF em agosto. Ainda em setembro, mais uma cadeira ficará vaga no Supremo com a aposentadoria da ministra Rosa Weber – o presidente tem sido pressionado a indicar uma mulher negra para a vaga, mas ainda não anunciou sua decisão.