JUSTIÇA

Elcio Queiroz garante benefícios e proteção da família após delação premiada

Entre 'regalias', ex-PM será transferido de Penitenciária Federal para um presídio estadual

Por JORNAL DO BRASIL
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Publicado em 25/07/2023 às 15:42

Alterado em 25/07/2023 às 22:41

Élcio de Queiroz fez delação premiada Foto: Reprodução

A delação premiada sobre as mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes proporcionou alguns benefícios para o ex-policial militar Elcio Queiroz. Embora tenha confessado que dirigia o Cobalt prata durante a emboscada, ele não irá a júri popular, conforme acordo homologado pela Justiça. Além disso, ele será transferido da Penitenciária Federal de Brasília, no Distrito Federal, para um presídio estadual não divulgado.

Como está com a 'cabeça a prêmio' por ter delatado seu comparsa, o também ex-PM Ronnie Lessa, além do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, sua família receberá uma proteção, numa espécie de programa de proteção de testemunhas. Portanto, além dos quatro anos de prisão que já cumpriu, visto que está encarcerado desde 2019, ele deve cumprir mais oito anos em regime fechado, totalizando 12 anos de cadeia.

O criminoso, no entanto, perdeu seu advogado de defesa ao decidir abrir o jogo com a Polícia Federal e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). Henrique Telles, então representante do acusado, largou o caso ao afirmar que seu cliente fechou acordo de delação premiada sem sua anuência, e por meio de outra advogada. A informação é do g1.

O ex-PM foi convencido a colaborar com a investigação após desconfiar do comparsa. Lessa teria dito a Élcio que não fez pesquisas sobre Marielle, o que se comprovou inverídico. A polícia encontrou rastros de pesquisa e, com a quebra da confiança, Élcio decidiu falar, de acordo com a Polícia Federal. Outro motivo que o levou a colaborar é por ter percebido que o cerco sobre a autoria do crime estava se fechando.

"O convencimento do Élcio (para delatar) foi porque o Ronnie garantiu que não tinha feito pesquisa em Marielle e isso gerou uma desconfiança por parte de Élcio", disse o delegado Jaime Cândido, da Polícia Federal, durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (24).

A delação

Na delação, Élcio admitiu que dirigiu o Cobalt prata usado no crime, mas atribuiu a Lessa os disparos que mataram a vereadora e o motorista.

Ele também deu outros detalhes do atentado, como por exemplo:

  • Ronnie Lessa confessou ter tentado matar Marielle em 2017, três meses antes da derradeira execução;
  • a placa do carro usado no assassinato foi trocada, e a antiga foi picotada e jogada na linha do trem;
    toda a comunicação sobre o crime foi feita pelo aplicativo Confide, que teria três camadas de segurança;
  • O sargento da PM executado em 2021, Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, intermediou a ordem para matar Marielle;
  • as despesas com advogado eram pagas pelo ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, que foi preso nesta segunda;
  • Em 2019, os envolvidos no atentado foram avisados sobre a operação que prendeu Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz.

Amizade longa

Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa se conhecem há pelo menos 30 anos. A amizade surgiu depois que Lessa começou a namorar uma amiga de infância de Élcio, quando eram adolescentes. Anos depois, ambos passaram a integrar o Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro, mas não chegaram a trabalhar na mesma equipe.

A amizade de Élcio e Ronnie também se estendia às famílias de ambos. Na deleção, ele compartilhou que Lessa é padrinho de consideração de seu filho, sendo os dois tão próximos que até viajaram juntos para os Estados Unidos.

O relacionamento dos dois foi se solidificando até desmoronar há duas semanas, em 14 de junho, quando Élcio delatou a participação do amigo nos assassinatos de Marielle Franco e de Anderson Gomes.