POLÍTICA

Câmara cancela sessão com Tacla Duran, que acusa Lava Jato de fazer 'bullying processual'

Advogado fez acusações contra Moro, ex-juiz e atualmente senador

Por GABRIEL MANSUR
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Publicado em 17/06/2023 às 13:21

Alterado em 17/06/2023 às 13:43

O advogado Tacla Duran tem informações de manchar a reputação do ex-juiz da Lava jato reprodução

A Câmara dos Deputados informou, nesta sexta-feira (16), o cancelamento de uma audiência prevista inicialmente para segunda (19) com a participação de Rodrigo Tacla Duran, advogado que acusa a Lava Jato de cobrar "taxa de proteção" de alvos da operação.

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, chegou a conceder um habeas corpus preventivo para que Tacla Duran participasse da sessão. O advogado, que mora em Madrid, na Espanha, temia ser preso ao desembarcar no Brasil, devido a uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região interpretada como o restabelecimento de uma ordem de prisão contra ele.

O cancelamento da sessão de segunda ocorreu, de acordo com a Câmara, por "questões burocráticas" envolvendo a cooperação internacional com a Espanha.

Duran afirmou em depoimento, por videoconferência, dado em março à 13ª Vara Federal de Curitiba, ter sido alvo de um “bullying processual” na Lava Jato. Ele também declarou ter sido vítima de uma suposta tentativa de extorsão e citou o ex-juiz e atualmente senador Sérgio Moro (União-PR) e o ex-procurador e ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR).

A Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara aprovou, então, um convite apresentado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG) a Tacla Duran, visando esclarecer "denúncias de extorsão no âmbito da Lava Jato".

Anulação das provas

O cancelamento da sessão foi anunciado um dia após Toffoli também determinar a anulação das provas penais de ações contra o advogado em tramitação na 13ª Vara Federal de Curitiba.

Na decisão, o ministro afirma que as ações usavam provas obtidas no acordo de leniência da Odebrecht e são consideradas "imprestáveis" pela Suprema Corte.

A decisão pode levar ao trancamento das ações contra o advogado, além da liberação dos processos em que é alvo na Espanha. Com isso, ele poderá retornar ao Brasil.

Acusações contra Moro

O advogado fez acusações contra Moro, ex-juiz e atualmente senador. Duran disse ter sido alvo de perseguição por não aceitar ser extorquido. “O que estava acontecendo não era normal, era um bullying processual”, declarou.

Duran disse que foi procurado por uma pessoa que atuou como cabo eleitoral da campanha de Moro e por um advogado ligado à mulher dele, a deputada Rosângela Moro (União Brasil-SP). Este último teria oferecido um acordo de delação premiada durante as investigações da Lava Jato.

Eduardo Appio, juiz afastado da 13ª Vara Federal em Curitiba, encaminhou em 28 de março ao STF o depoimento de Duran à PF. Em seguida, o então juiz responsável pela Lava Jato encaminhou a oitiva ao Supremo.