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Briga pela maior herança de Vassouras, um dos mais valiosos legados do País

Eufrasia Texeira Leite foi uma das mais ricas do Brasil durante o reinado de D. Pedro II

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Publicado em 19/12/2025 às 21:15

Alterado em 19/12/2025 às 21:24

Eufrásia Teixeira Leite Foto: arquivo

Filha e sobrinha de barões do café, Eufrasia, com a morte de seu pai, se mudou para Paris, investindo sua fortuna em ações de grandes empresas ferroviárias, mineração etc. Ficou mais rica ainda, triplicando sua fortuna, tendo sido a primeira mulher a colocar os pés na Bolsa de Valores de Paris.

Durante uma de suas viagens para Paris, conheceu o grande amor de sua vida: Joaquim Nabuco. O romance durou mais de uma década, e só não se casaram porque o abolicionista não teria aceito as considerações de Eufrasia: separação total de bens.

Eufrasia morreu sem herdeiros.

Seu testamento, calculado em USD 1 bilhão, foi todo destinado à filantropia em Vassouras, onde Eufrasia nasceu.

Mas antes do dinheiro atingir seu objetivo, consta que 2/3 do patrimônio "desapareceram" durante o inventário, incluindo o prédio onde morava em Paris, localizado ao lado da Champs Elysées, a avenida mais cara e emblemática da capital francesa. Todas as obras de arte também teriam "sumido".

O que restou de sua fortuna, conforme seu desejo confirmado por testamento, foi todo investido em escolas e hospitais da cidade de Vassouras.

Para administrar seu legado, foi criada uma Irmandade.

Passados quase 100 anos do falecimento de Eufrasia, não sobra mais nada, salvo um gigantesco patrimônio imobiliário todo localizado na área mais valorizada da cidade.

Duas instituições da Irmandade criada com a fortuna de Eufrasia sempre foram a referência da cidade: o moderno hospital que leva seu nome e a escola Regina Coelli, instalada em um deslumbrante parque.

Do primeiro, pode se afirmar que 50% dos vassourenses nasceram naquele hospital; do segundo, 50% das mulheres da cidade estudaram e se formaram na Regina Coelli.

Ambos, hoje, abandonados e sem destinação e, principalmente, sem cumprir o desejo de Eufrasia, ou seja, cuidar da saúde e da educação de seus conterrâneos.

O Senai tinha em outro magnífico conjunto de prédios da Irmandade uma escola técnica para formação de cervejeiros. Depois de décadas de atividade educacional, o Senai abandonou o projeto e fechou as portas.

Sem renda para custear seus objetivos filantrópicos, a Irmandade começou a ter problemas na área tributária, acumulando dividas. Fora isso, as ações trabalhistas também se transformaram no maior problema da instituição depois do fechamento do hospital.

Tudo começou com a decisão do ex-prefeito Severino Dias, de descredenciar o hospital para receber as verbas do SUS. Segundo fonte credenciada da Prefeitura de Vassouras, que pediu pra não ser identificada, " o ex-prefeito foi "obrigado" a tomar essa decisão para favorecer um outro hospital da cidade. Foi isso que aconteceu. Daí, como qualquer hospital do interior do Brasil vive do SUS, a Irmandade não teve outra alternativa que não fosse fechar o seu, por absoluta falta de recursos, apagando um capítulo importante da história de Vassouras. Prova de sua jogada, ao descredenciar o hospital, o que culminou com seu fechamento, é a decisão da Juiza Flavia Beatriz Bastos de Olveira, que obrigou o ex-prefeito Severino a credenciar novamente o hospital, o que ele nunca acatou.

"A magistrada decidiu, então, multa-lo no valor de RS 5 mil/dia. O Severino fez 'ouvido de mercador' e nunca acatou também essa decisão, desmoralizando a Justiça. Tudo isso prova que o ex-prefeito Severino é o único responsável por esse crime de 'lesa-cidade', que foi sua decisão de acabar com parte da história de Vassouras", conclui nossa fonte.

Soraia Abineder, ex-provedora da Irmandade, foi, em julho, destituída pelo Conselho da instituição, sendo acusada de ter praticado diversos delitos na função, dentre eles, a venda de patrimônio imobiliário da instituição. Soraia nega todas as acusações. Foi ela que entrou com ação contra o ex-prefeito.

Foi colocada em seu lugar, provisoriamente, Maria Thereza do Carmo Wenke Motta, que marcou eleições para escolher o novo provedor. Maria Thereza é candidata ao cargo.

Soraia entrou na Justiça e conseguiu suspender o pleito sob a alegação de que Maria Thereza colocou, ilegalmente, 30 novos eleitores que garantiram sua vitória na eleição.

Esta semana, a antiga provedora lançou uma nota de repúdio contra o "golpe baixo" que foi sua destituição (integra da nota nas imagens abaixo).

Fato é que o legado da mulher mais rica do Brasil está sendo destruído.

Vassouras perde um grande capítulo de sua história.





 

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