INFORME JB
Os sub que guardam muitos segredos
Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
[email protected]
Publicado em 02/12/2025 às 11:59
Alterado em 02/12/2025 às 21:53
O general Luiz Eduardo Ramos Foto: Adriano Machado/Reuters
Há muita gente ressabiada com as investigações em curso pela Polícia Federal e as que foram instruídas pelo ministro do Supremo Federal, Flávio Dino, sobre o trâmite das emendas parlamentares, de deputados (as) e senadores (as), para os respectivos estados. Dino está com foco em 10 parlamentares do PL.
Se as investigações do STF provarem as suspeitas de desvio de dinheiro para parentes e amigos, a bancada do PL, já ameaçada pelos processos contra os deputados paulistas Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro e o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que fugiu para os Estados Unidos enquanto estava em andamento o julgamento do Supremo que o condenou a 16 anos, pela participação da trama contra o Estado Democrático de Direito) quando era diretor-geral da Abin, pode emagrecer mais do que em uma jornada em Spa, com doses controladas de Monjaro.
Enquanto isso, dois assessores que ocuparam cargos de expressão no Ministério de Jair Bolsonaro chamam a atenção por guardarem muitos segredos dos bastidores do governo passado.
Um homem eclético
Um deles já arrolado e enrolado no caso Master: é o ex-secretário executivo da Casa Civil na gestão do senador Ciro Nogueira (julho de 2021 a 1º de janeiro de 2023), Jônathas Assunção Salvador Nery de Castro.
Neste terceiro milênio, Jônathas Assunção acumulou currículo invejável nos governos Lula (quando coordenou, em 2010, o lançamento do projeto de transposição das águas do São Francisco ao Nordeste). Orçado inicialmente em R$ 8 bilhões, o projeto atravessou os governos Dilma, Temer e Bolsonaro, até ser entregue por Lula, em 2023. Mas já ao custo acima de R$ 13 bilhões.
Jônathas atuou como secretário especial do Programa de Parcerias em Investimentos na gestão Temer, e assumiu o cargo de Secretário Nacional de Saneamento no governo Bolsonaro.
No PPI do governo Temer, que foi comandado pelo atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, Jônathas Assunção também cruzou os caminhos com Marcelo Sampaio Cunha Filho, membro do Conselho de Administração da Petrobras.
Um homem com muito gás
Engenheiro Mecânico, especializado em motores a combustão por GNV, Marcelo Sampaio, se casou com a filha do general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, e teve a carreira impulsionada.
Quando Tarcísio de Freitas, que já tinha sido indicado pela presidente Dilma para “fazer uma faxina no DNITT”, foi convidado por Jair Bolsonaro para ser ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, que tinha sido Subchefe-Adjunto de Gestão Pública da Subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil da Presidência da República, foi chamado para ser secretário-executivo de Tarcísio.
Nascido em 1º de dezembro de 1985, virou o mais jovem ministro da Infraestrutura, em 30 de março de 2022, quando Tarcísio deixou o governo para se lançar candidato pelo PL ao governo de São Paulo, e ficou no cargo até 1º de janeiro de 2023.
Onde anda 'Mario Fofoca'?
Os meios políticos dizem que Marcelo Sampaio tinha um “QI altíssimo”, fazendo blague sobre a influência do sogro militar que já atuava nas articulações das forças armadas com o Congresso no primeiro governo Lula.
Colega de turma de Jair Messias Bolsonaro na AMAN e na Brigada de Paraquedista, o general de Exército Luiz Eduardo Ramos não integrava o primeiro ministério de Bolsonaro, mas foi convocado pelo comandante-em-chefe das Forças Armadas, em 4 de julho de 2019 para substituir o ministro general Santos Cruz, demitido em 13 de junho da Secretaria de Governo.
Tido como “coringa” entre os generais que participaram do governo e com grande intimidade com Jair Bolsonaro, o ex-presidente o convocou para várias missões ministeriais. Em 29 de março de 2021, foi designado ministro-chefe da Casa Civil da Presidência, em substituição ao general Walter Braga Neto, que assumiria o ministério da Defesa.
Em 28 de julho de 2021, já em ritmo de campanha pela reeleição e visando melhorar a articulação com o Congresso, foi nomeado para o cargo de ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República.
Quando a fofoca ajuda
Por seu desembaraço e comportamento extrovertido, o general tinha fama de não guardar segredos. Às vezes, as revelações deixavam o governo em maus lençóis. Isso lhe valeu a apelido de Mario Fofoca, detetive cômico vivido pelo falecido ator Luís Gustavo na novela “Elas por Elas” da Rede Globo, em 1982.
Por sorte do general, a fama de língua solta o excluiu do núcleo que planejou o golpe contra o Estado Democrático de Direito e de eventuais condenações.
Quem já encontrou o general no governo Lula III diz que ele está irreconhecível à paisana. É que, além de ter deixado o cabelo crescer, disfarça os fios grisalhos e se esconde atrás dos óculos escuros que já usava na tropa.