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Trump repete o 'Grande Ditador', de Chaplin

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Por GILBERTO MENEZES CÔRTES
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Publicado em 09/07/2025 às 22:41

Alterado em 09/07/2025 às 22:50

O Grande Ditador, de Charles Chaplin Foto: reprodução

Na transposição da sátira de Charles Chaplin “O Grande Ditador”, de 1940, para os dias atuais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está superando os desvarios do ditador, com as ameaças de cobrança de tarifas aos mais variados parceiros comerciais americanos.

Na sua última ameaça, em carta endereçada ao presidente Lula, Trump anuncia que “os EUA cobrarão uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto”, citando como motivos os “déficits comerciais acumulados pelos Estados Unidos com o Brasil” e as ações legais do Supremo Tribunal Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro – “que devem cessar IMEDIATAMENTE” - e empresas de tecnologia dos EUA como justificativa para as taxas alfandegárias.

A diplomacia tarifária de Trump ressuscita os piores tempos da “política do 'big stick'” aplicada pelo presidente Theodore Roosevelt no final do século 19.

A tarifa de 50% é o maior nível anunciado até agora na enxurrada de cartas de Trump aos líderes mundiais esta semana, enviadas depois que ele adiou o prazo para impor suas chamadas tarifas recíprocas para 1º de agosto. Elas deveriam entrar em vigor na quarta-feira, após terem sido pausadas em abril.

Premissas mentirosas
As justificativas de Trump para o tarifaço de 50% são uma afronta aos princípios diplomáticos de respeito à soberania das nações, como frisou o presidente Lula.
E parte de premissas mentirosas, como destacou o vice, Geraldo Alckmin, derivadas do “envenenamento” das autoridades americanas sobre a situação do Brasil comandado pela “catequese” do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se refugiou nos Estados Unidos para tentar conspirar contra o governo Lula, com o auxílio do autoexilado jornalista Paulo Figueiredo (ex-Jovem Pan), neto do ex-presidente João Batista Figueiredo.

EUA têm saldo comercial
Para começo de conversa, desde 2008, os Estados Unidos acumulam bilionários saldos comerciais e não déficits contra o Brasil. Em 2022, o saldo comercial americano foi de US$ 13,870 bilhões.

O saldo diminuiu em 2023, para US$ 1,04 bilhão, quando o Brasil adotou novo sistema de apreçamento dos combustíveis da Petrobras, aumentando o uso de suas refinarias com o petróleo do pré-sal (mais leve e extraído a baixo custo) em troca do extinto sistema de Paridades de Preços Internacionais (PPI) que gerava grandes compras de combustíveis (diesel e GLP) dos EUA.

No ano passado, o saldo caiu para US$ 250 milhões, mas voltou a aumentar para acima de US$ 1 bilhão no primeiro semestre deste ano.

Ação no STF cumpre rito legal
As ações contra Jair Bolsonaro e os 33 conspiradores que estão sendo julgados no Supremo Tribunal Federal (STF) correm dentro do devido processo legal. Houve investigação exaustiva da Polícia Federal, que gerou denúncia do Procurador Geral da República, Paulo Gonet, acatada por unanimidade pela Primeira Turma do STF.

Bolsonaro e os demais acusados estão assistidos por advogados e, na última oitiva, perante o relator do processo, o ministro Alexandre de Moraes, o ex-presidente pediu desculpas pelas ofensas aos ministros do STF e chamou de “malucos” os manifestante que acamparam diante dos quartéis pedindo intervenção militar após a derrota para Lula nas eleições de outubro de 2022 – consideradas “limpas e justas” pelo governo dos Estados Unidos - e marcharam sobre Brasília e depredaram as sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro de 2023.

TSE considerou Bolsonaro inelegível
Os direitos eleitorais de Bolsonaro foram suspensos até 2030, por julgamento de abuso do poder, por decisão unânime do Superior Tribunal Eleitoral, em 2023.

Por pressão dos filhos de Bolsonaro, que estão distorcendo as ações do STF, o órgão máximo do Poder Judiciário, o governo Trump alega que o Brasil deve ser taxado por "ataques contínuos às atividades de comércio digital de empresas americanas".

Por coincidência, Alexandre de Moraes, que supervisiona o caso contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, concentra os inquéritos do STF sobre as “fake news”, e ordenou que empresas de tecnologia removam centenas de contas que, segundo ele, ameaçavam a democracia brasileira. A empresa de mídia de Trump processou o juiz, e Elon Musk, em determinado momento, se recusou a cumprir suas ordens, levando à suspensão temporária de X no Brasil, que depois se curvou à legislação brasileira, como também na Europa.

Lula taxa ricos; Bolsonaro taxa o Brasil
Depois de uma reunião de emergência com os ministros do Palácio do Planalto, o presidente Lula disse que o Brasil vai reagir soberanamente com a Lei de Reciprocidade Econômica, que foi devidamente comunicada ao encarregado de negócios dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, quando a representante do Itamaraty, embaixadora Maria Luiza Escorel, indagou, preliminarmente, se a “carta era verdadeira”, pois tinha sido divulgada antes de chegar ao presidente brasileiro pelos canais diplomáticos.

Mas o que saiu da reunião, do ponto de vista político, foi a intensificação da estratégia do ataque aos ricos, cujos privilégios foram defendidos pela oposição na Câmara dos Deputados com a derrubada do aumento do IOF e outros impostos sobre instituições financeiras.

Como o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro falou claramente que a taxação das exportações brasileiras foram uma retaliação aos controles do STF sobre as mentiras e acusações falsas nas redes sociais, e que a oposição só vai ceder no IOF se o Congresso aprovar a “anistia ampla geral e irrestrita”, o governo pretende associar a ação da família Bolsonaro a induzir o governo Trump a taxas as exportações brasileiras como “crime de lesa pátria”.

No mínimo, uma contradição para os patriotas, que usam verde amarelo e os bonés do MAGA (Make America Great Again) à custa de taxações contra seu próprio país e outras nações.

Apelo ao nacionalismo
Por isso a comunicação social do governo pretende trabalhar nas redes sociais a ideia de que o governo Lula quer taxar os ricos para manter os programas sociais, mas a família Bolsonaro, que lidera a oposição, além de defender os ricos, trabalhou para Trump fazer uma chantagem contra o Brasil, tipo: “liberem Bolsonaro que eu recuo nas tarifas”, numa clara interferência no Judiciário brasileiro.

O que dizem os jornais

'The New York Times' (EUA)

"O presidente Trump disse que ordenou que autoridades americanas abrissem uma investigação comercial no Brasil por 'ataques contínuos às atividades de comércio digital de empresas americanas'. Ele parecia estar se referindo às reclamações de muitos da direita de que a Suprema Corte do Brasil censurou vozes conservadoras online.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que supervisiona o caso contra o ex-presidente Jair Bolsonaro também ordenou que empresas de tecnologia removam centenas de contas que, segundo ele, ameaçavam a democracia brasileira. A empresa de mídia de Trump [a Trump Media & Technology Group Corp] processou o juiz, e Elon Musk, em determinado momento, se recusou a cumprir suas ordens, levando à suspensão temporária da X no Brasil [no final do ano passado, a X se enquadrou nas leis brasileiras, pagou multas e indicou diretor responsável, como exigia Alexandre de Moraes].

Guerra comercial: O presidente Trump afirmou que planeja 'impor tarifas de 50% sobre as importações do Brasil', acusando as autoridades brasileiras de acusarem injustamente seu aliado político, o ex-presidente Jair Bolsonaro, de tentativa de golpe. Foi uma tentativa extraordinária de usar tarifas como instrumento para influenciar um julgamento criminal em um país estrangeiro. O Brasil foi o maior dos oito países que Trump aplicou tarifas na quarta-feira, em cartas que indicam que ele continua sua estratégia de punir países que vendem mais do que compram dos Estados Unidos."

'The Wall Street Journal' (EUA)

"Trump ameaça tarifa de 50% sobre o Brasil, citando julgamento de Bolsonaro"

O jornal acrescenta que “a taxa potencial é a mais alta até agora na enxurrada de cartas do presidente aos líderes mundiais sobre comércio”.


'Financial Times' (Inglaterra)

"Trump ameaça impor tarifa de 50% ao Brasil"

"Presidente dos EUA acusa país de lançar uma 'caça às bruxas' contra seu ex-líder Jair Bolsonaro."


'The Guardian' (Inglaterra)

"Trump anuncia tarifa de 50% sobre o Brasil, citando o que ele afirma ser uma 'caça às bruxas' contra Bolsonaro.

Presidente dos EUA impõe tarifa ao Brasil e reclama do tratamento dado ao ex-presidente brasileiro, que enfrenta julgamento por suposta tentativa de golpe."

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