INFORME JB
Ali Kamel deixará direção-geral de Jornalismo da Globo em dezembro; Ricardo Villela, atual diretor-executivo, será o substituto
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 29/08/2023 às 13:19
Alterado em 29/08/2023 às 13:54
Ali Kamel Foto: Marcos Serra Lima/TV Globo
Fim de uma era na Globo. Após 34 anos no Grupo, sendo 22 em posições de liderança, Ali Kamel vai deixar a direção-geral de jornalismo e passará a ocupar, a partir de janeiro de 2024, a recém-criada função de coordenador do Conselho Editorial do Grupo Globo, presidido por João Roberto Marinho. Na direção-geral, ele será substituído por Ricardo Villela, que trabalhou na editoria de Esportes do JORNAL DO BRASIL, e é o atual diretor-executivo de Jornalismo.
Villela, na Globo desde 2005, já chefiou as redações de São Paulo e Brasília, coordenou o jornal Nacional e estava, há dois anos, na diretoria-executiva. Seu cargo será ocupado por Miguel Athayde, atual diretor da GloboNews. Vinicius Menezes, diretor regional de jornalismo no Rio de Janeiro, vai assumir a GloboNews, e Marcio Sternick ficará encarregado pela redação do Rio.
As mudanças foram comunicadas em carta assinada pelo diretor-presidente do Grupo Globo, Paulo Marinho. O texto ressalta o comprometimento e dedicação de Ali Kamel e sua capacidade de desenvolvimento de equipes para as coberturas jornalísticas dos principais eventos em mais de 20 anos.
"Ali sempre foi um companheiro sereno, íntegro, decisivo. Ao longo dos últimos 22 anos, coordenou a cobertura de seis eleições presidenciais e cinco eleições municipais. (...) Em todos os grandes eventos, nacionais e internacionais, pudemos sempre contar com a certeza de que, com ele à frente, nosso jornalismo cobriria os fatos com a qualidade que desejamos".
Ali Kamel também enviou carta aos colegas do Jornalismo da Globo com sua despedida. Ele diz que pesa na decisão o desejo de ter mais tempo livre com a família, além de considerar que quase três décadas em funções de liderança são um tempo excessivo.
"Depois de muita reflexão, concluí que tinha chegado o momento de deixar as minhas atividades diárias que exerci e ainda exerço com grande entusiasmo. Em 1995, eu me tornei editor-chefe do Globo de onde saí como diretor-executivo. Cheguei aqui na Globo em 2001 como diretor-executivo de jornalismo para me tornar diretor geral de jornalismo em 2012. São muitos anos exercendo funções de grande responsabilidade, mesmo dividindo-as com equipes maravilhosas", ponderou.
Carreira
Formado em Comunicação Social e Ciências Sociais, Ali Kamel teve uma passagem importante no jornal O GLOBO, onde começou a trabalhar em 1989. Sua primeira função foi a de chefe de reportagem dos jornais de bairros. Passou pela editoria Rio (ex-Geral), foi editor do Segundo Caderno e depois nomeado editor-executivo, assumindo a responsabilidade de supervisionar todos os suplementos do GLOBO.
Também dirigiu a sucursal de Brasília, quando participou da cobertura do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Voltou ao Rio dois anos depois para assumir o cargo de editor-chefe adjunto do jornal.
Na ocasião, criou o Painel dos Leitores, seção do jornal que realizava uma pesquisa diária na qual os leitores davam opiniões sobre a edição do dia, desde o conteúdo das reportagens até a pontualidade na distribuição dos exemplares. A iniciativa foi pioneira na imprensa e inspirou outros jornais no mundo.
Na Globo, Ali Kamel coordenou a cobertura de seis eleições presidenciais e cinco eleições municipais. Entre os projetos em que se envolveu estão o Caravana JN, JN no Ar, O Brasil que eu quero para o futuro e Brasil Em Constituição.
Foi dele também, em 2002, a ideia de entrevistar os candidatos à presidência durante o Jornal Nacional, algo até então inédito e que se tornou um evento central para as campanhas eleitorais.
Entre tantas coberturas que Ali Kamel liderou, o diretor-presidente da Globo, Paulo Marinho, destacou, em carta, a cobertura da pandemia. Na época, os telejornais cresceram de tamanho e um programa diário dedicado à pandemia foi criado do zero em 24 horas.