Pressionada por Cremesp e Polícia Civil, Unisa expulsa alunos de Medicina que promoveram masturbação coletiva
Punição escolhida é a mais severa prevista no regimento. Universidade também já levou o caso "às autoridades públicas"
Pressionada por movimentos estudantis, como a União Nacional de Estudantes (UNE), além do governo federal, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e até a Polícia Civil de São Paulo, a Universidade Santo Amaro (Unisa), após mais de cinco meses do episódio, decidiu expulsar parte dos alunos do curso de Medicina que ficaram nus e fizeram uma masturbação coletiva durante o jogo de vôlei feminino num torneio universitário em São Carlos, no interior paulista.
Embora todo o caso tenha viralizado nas redes sociais apenas neste domingo (17), a obscenidade foi protagonizada em abril. Inicialmente, acreditava-se que as cenas libidinosas teriam ocorrido durante o Intermed - competição que reúne outras universidades de Medicina da região - , que terminou no dia 10 de setembro. Entretanto, a situação ocorreu durante o torneio Calo 2023, em São Carlos, após a vitória do time de alunas da Unisa sobre atletas da Universidade São Camilo, segundo nota da própria São Camilo.
Depois de se manter em silêncio por mais de 24 horas, a Unisa afirmou, no fim da noite desta segunda-feira (19), que "expulsou os estudantes identificados até o momento". A instituição não informou a identidade e nem o número exato de alunos que deixaram a universidade, mas, segundo o Metrópoles, foram seis discentes convidados a se retirar. Ao menos 20 participaram do ato.
Por meio de nota, assinada pelo reitor Eloi Francisco Rosa, a Unisa disse que tomou conhecimento das "gravíssimas ocorrências" durante a manhã de segunda-feira (18), ao receber as publicações que estavam circulando pelas redes sociais. A instituição era procurada pela imprensa em geral, além da sociedade civil e políticos, também indignados com os gestos obscenos, desde domingo (17).
"Assim que tomou conhecimento de tais fatos, mesmo tendo esses ocorrido fora de dependências da Unisa e sem responsabilidade da mesma sobre tais competições, a Instituição aplicou sua sanção mais severa prevista em regimento", disse a universidade.
A Unisa também informou que levou o caso para as autoridades e que vai colaborar com as investigações, tomando providências cabíveis. O posicionamento mais rigoroso ocorre em consequência ao inquérito aberto na Polícia Civil do estado.
De acordo com a corporação, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de São Carlos está investigando a conduta dos estudantes. No entanto, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) não detalhou por quais crimes os alunos são investigados.
Os gestos podem ser tipificados como crime de ato obsceno – manifestação de cunho sexual em local público ou aberto ao público, capaz de ofender o pudor médio da sociedade –, conforme o artigo 233 do Código Penal. O crime é punido com detenção de três meses a um ano, ou multa.
Outra hipótese mais remota é o indiciamento ao crime de importunação sexual, conforme o artigo 215-A do CP. O artigo descreve como crime o ato de praticar ato libidinoso (de caráter sexual), na presença de alguém, sem sua autorização e com a intenção de satisfazer lascívia (prazer sexual) próprio ou de outra pessoa. A pena prevista é de 1 a 5 anos de reclusão.
Também nesta segunda, o Cremesp anunciou que oficiou a Universidade de Santo Amaro para que a instituição puna, com “a severidade necessária”, os alunos de Medicina que simularam uma “masturbação coletiva” após um jogo de vôlei feminino.
Além disso, o Ministério da Educação (MEC) notificou a Unisa e deu prazo de 15 dias para a universidade informar quais providências irá adotar diante do caso. Em uma rede social, o ministro Camilo Santana disse que, caso a Unisa não cumpra com a determinação, poderá responder a um procedimento de supervisão e adoção de medidas disciplinares.
"Repudio veementemente o ocorrido. É inadmissível que futuros médicos ajam com tamanho desrespeito às mulheres e à civilidade", escreveu.
Nota da Unisa
A Universidade Santo Amaro – Unisa informa que, na manhã de hoje, dia 18 de setembro, sua Reitoria tomou conhecimento de publicações em redes sociais divulgadas durante o fim de semana de 16 e 17 de setembro, contendo gravíssimas ocorrências envolvendo alunos do seu curso de Medicina.
De acordo com tais vídeos, alguns alunos, todos do sexo masculino, executaram atos execráveis, ao se exporem seminus e simularem atos de cunho sexual, durante competição esportiva envolvendo estudantes de Medicina da Unisa e de outra Universidade, realizada na cidade de São Carlos.
Assim que tomou conhecimento de tais fatos, mesmo tendo esses ocorrido fora de dependências da Unisa e sem responsabilidade da mesma sobre tais competições, a Instituição aplicou sua sanção mais severa prevista em regimento, ainda nesta mesma segunda-feira (18/09), com a expulsão dos alunos identificados até o momento.
Considerando ainda a gravidade dos fatos, a Unisa já levou o caso às autoridades públicas, contribuindo prontamente com as demais investigações e providências cabíveis.
A Unisa, Instituição com mais de 55 anos de história, repudia veementemente esse tipo de comportamento, completamente antagônico à sua história e aos seus valores.