DIREITOS HUMANOS
No Rio Grande do Sul, homem negro é preso por quase ter sido esfaqueado por homem branco
Por JORNAL DO BRAIL
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Publicado em 18/02/2024 às 09:27
Alterado em 18/02/2024 às 09:43

O governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite determinou abertura de sindicância na Brigada Militar do Rio Grande do Sul sobre episódio denunciado como racismo.
De acordo com manifestações de testemunhas nas redes sociais, policiais da Brigada Militar prenderam um homem negro de 40 anos que havia chamado a própria brigada, após ter sofrido ameaça de homicídio de um homem branco que portava uma faca.
Segundo nota do governador no X (ex-Twitter), a sindicância deve "ouvir imediatamente testemunhas e apurar as circunstâncias da ocorrência, com a mais absoluta celeridade."
O deputado estadual Matheus Gomes (PSol) compartilhou em sua conta o vídeo da detenção do homem negro, ocorrida no bairro Rio Branco a cerca de três quilômetros do Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul.
Aqui em POA, o preconceito racial produz cenas revoltantes como essa.
— Matheus Gomes (@matheuspggomes) February 17, 2024
O homem negro, agredido pelo senhor branco e sem camisa, denunciou o caso para os policiais. Mas, no meio da situação, foi preso por “resistência”.
Sei como é, até por que já ocorreu comigo. É um absurdo,… pic.twitter.com/b4XRA7Pgpm
Conforme relato do parlamentar, "o homem negro, agredido pelo senhor branco e sem camisa, denunciou o caso para os policiais. Mas, no meio da situação, foi preso por ‘resistência’ (...) É um absurdo, mas é o racismo que ainda impera na Brigada Militar!"
Nem o perfil e nem o site da corporação trazem qualquer informação sobre o episódio. No último dia 8, "os alunos-oficiais da Brigada Militar participaram (...) de palestra com o tema ‘Racismo Estrutural e a Importância do Letramento Racial para as Instituições de Segurança Pública’", informa página da instituição na internet.
Truculência
"Se a vítima fosse branca, o episódio teria sido completamente diferente", avalia a jornalista Jeanice Dias Ramos, do Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul.
Segundo ela, a Brigada Militar age com "truculência" e de forma acusatória contra as pessoas negras. "São atos contínuos e recorrentes. Existe uma política interna que torna o negro réu. Sempre. Existe uma máxima que diz ‘todo camburão tem um pouco de navio negreiro’. O cidadão negro sai na rua e está sujeito a ser interpelado, algemado, carregado no camburão, simplesmente pelo fato de ser negro", descreve a jornalista.
Ela conta que pais e mães permanentemente orientam os filhos para que sempre saiam na rua sempre com documento como comprovante de matrícula ou carteira de trabalho para provar à Brigada Militar "que é gente de bem".
Vídeo da vítima
Motoboy detido pela Brigada Militar, após ser agredido por idoso no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, divulga vídeo comentando sobre a situação. Veja: pic.twitter.com/10G0fUtzfV
— Porto Alegre 24 Horas (@portoalegre24h) February 18, 2024