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Dino diz que função militar é 'subalterna' aos Poderes, e critica ecos do golpe

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Por JORNAL DO BRASIL com Agência Estado
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Publicado em 01/04/2024 às 07:44

Alterado em 01/04/2024 às 07:47

Ministro Flavio Dino Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF.

Rayssa Motta - O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou neste domingo, 31, data em que o golpe militar de 1964 completa 60 anos, contra qualquer interpretação que permita uma intervenção das Forças Armadas sobre os Poderes.

Em seu voto, ele afirmou que não existe um “poder militar”. “O poder é apenas civil, constituído por três ramos ungidos pela soberania popular, direta ou indiretamente. A tais poderes constitucionais, a função militar é subalterna”, escreveu.

Flávio Dino sugeriu que todas as organizações militares, inclusive escolas de formação, sejam comunicadas do resultado do julgamento assim que ele for finalizado.

“Dúvida não paira de que devem ser eliminadas quaisquer teses que ultrapassem ou fraudem o real sentido do artigo 142 da Constituição Federal, fixado de modo imperativo e inequívoco por este Supremo Tribunal”, cravou o ministro.

O tema foi levado ao STF a partir de uma ação apresentada pelo PDT em 2020. A votação está em curso no plenário virtual. Até o momento, os ministros Luiz Fux (relator) e Luís Roberto Barroso se posicionaram no mesmo sentido.

Flávio Dino ainda usou o voto para criticar o golpe de 1964, que ele chamou de “período abominável”. “O Estado de Direito foi destroçado pelo uso ilegítimo da força”, escreveu. “São páginas, em larga medida, superadas na nossa história. Contudo, ainda subsistem ecos desse passado que teima em não passar, o que prova que não é tão passado como aparenta ser.”