BRASIL
Rivaldo e irmã de Neymar entram na mira da PF sob suspeita de financiar os atos golpistas
Por Gabriel Mansur
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Publicado em 10/11/2023 às 10:47
Alterado em 10/11/2023 às 13:47

Há dois anos o Supremo Tribunal Federal (STF) se debruça no caso da suposta milícia digital que atuaria de forma organizada com o objetivo de descredibilizar as instituições democráticas brasileiras. Investigações dão conta de que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teriam alimentado uma rede de desinformação, espalhando boatos, notícias falsas, e incentivando ataques a políticos, juízes e adversários através das redes sociais.
Uma das suspeitas em apuração é de que a depredação das sedes do STF, do Congresso e do Palácio do Planalto, no 8 de janeiro, foi incentivada por essa Organização Criminosa que, além de tudo, pode ter sido usada como canal para financiar os atos de vandalismo.
Entre os acusados está o cantor gospel Salomão Vieira, que teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Apontado como um dos organizadores dos ataques do dia 8 de janeiro, ele fugiu do país logo depois das manifestações. No mês passado, a Interpol, a pedido da Polícia Federal, realizou uma operação no Paraguai, onde o cantor estaria escondido. Prendeu três manifestantes que também eram procurados, mas não encontrou Vieira.
O que se sabe até agora é que o cantor pedia doações para manter ativo os acampamentos em frente aos quartéis do Exército, especialmente em Brasília. Vieira, que continua foragido, a exemplo de outros acusados, como os blogueiros Oswaldo Eustáquio e Allan dos Santos, publicou em suas redes sociais comprovantes de compra de suprimentos.
Dois suspeitos de terem colaborado com a 'vaquinha' são pessoas conhecidas do mundo da bola. Um deles é Rivaldo, campeão do mundo pela seleção brasileira em 2002. A outra é Rafaella Santos, irmã do atacante Neymar.
Um dos integrantes das tais milícias digitais contou que conviveu por algum tempo com Salomão Vieira no Paraguai após os ataques de 8 de janeiro. O cantor teria revelado a identidade de alguns de seus doadores. Rivaldo, segundo Salomão, teria colaborado com 50 mil reais. Já Rafaella também teria colaborado, mas não foi revelado com qual valor.
Melhor do mundo em 1999, Rivaldo foi um dos muitos atletas que se engajaram na campanha de Jair Bolsonaro. Depois da derrota para Lula nas urnas, o pentacampeão publicou um texto dúbio, em que cultivava "a esperança de que o desfecho do processo eleitoral ainda poderia ser outro”.
"A luta continua e não vamos parar pois muita coisa ainda vai acontecer até o 31/12/2022”, escreveu o ex-jogador.
Embora mais discreta e menos militante do que seu irmão mais velho, uma das poucas manifestações públicas da influenciadora também ocorreu depois da derrota do ex-capitão. “Sou Bolsonaro, sim. Não é segredo para ninguém minha opção nestas eleições. Mas democraticamente sempre respeitei a todos que optaram pelo Lula”, escreveu.
O que dizem os acusados
O advogado Érico Della Gatta, que representa Salomão Vieira, informou à revista Veja que o seu cliente é inocente e que não pode falar sobre detalhes do caso, que está sob segredo de Justiça.
A assessoria de Rafaella informou que ela não conhece nem fez qualquer repasse de recursos a Salomão e que o envolvimento de seu nome é leviandade ou fraude.
Rivaldo, por sua vez, afirmou, através de seu advogado, que fez, sim, duas doações em novembro do ano passado a pedido do cantor gospel, mas que, somadas, não ultrapassam 2 mil reais. Os repasses, segundo ele, tinham a finalidade de comprar mantimentos para “pessoas carentes da igreja”.
A PF agora quer saber como esse dinheiro foi parar nos acampamentos golpistas.