BRASIL

Exército investiga três militares suspeitos de facilitar furto de 21 metralhadoras

Há a suspeita de que as metralhadoras podem parar nas mãos de integrantes do narcotráfico e milicianos

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 19/10/2023 às 16:35

Alterado em 19/10/2023 às 18:04

13 metralhadoras de calibre .50 foram furtadas de quartel em Barueri Foto: Reprodução

O Exército investiga se três militares teriam supostamente ajudado no furto de 21 metralhadoras, das quais 13 com poder de derrubar aeronaves, do Arsenal de Guerra de Barueri, na Grande São Paulo. O furto foi notado no dia 10 de outubro, quando a corporação realizou uma vistoria interna e detectou uma discrepância no número de armas.

As investigações militares estão restringindo cada vez mais o número de pessoas que podem estar envolvidas no sumiço do armamento - e todos os militares que tinham encargo de fiscalização ou controle serão responsabilizados e cumprirão punições disciplinares. Nenhuma das metralhadoras havia sido recuperada até a publicação desta reportagem. As buscas contam com o apoio das polícias Civil e Militar.

Em sigilo, fontes de alta patente do Exército afirmam que os três militares, já identificados, teriam ajudado a colocar as armas de grosso calibre em um carro, usado para levá-las até um ponto de entrega. Segundo apurou o Metrópoles, trata-se de uma viatura Agrale Marruá, veículo militar que estava estacionado na garagem do quartel do Comando Militar do Sudeste, antes do crime.

Os suspeitos foram identificados após o Exército aquartelar 480 militares, desde o último dia 11. O isolamento contribuiu para que o comando conseguisse ouvir depoimentos e afunilar o número de possíveis envolvidos no crime. Em nota oficial, divulgada na terça-feira (17), o Comando Militar do Sudeste, responsável pelo arsenal, afirmou ter liberado parte dos militares aquartelados.

No Exército, segundo o Estadão, é dado como certo que as metralhadoras podem parar nas mãos de integrantes do narcotráfico e milicianos. Muitos militares vivem em comunidades e não é impossível que algum deles tenha sido ameaçado por membros do crime organizado e instado a praticar o roubo. Segundo investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, parte dessas armas foram oferecidas à maior facção criminosa do estado, pela "bagatela" de R$ 180 mil cada uma.

Mas o principal receio é com as características das armas, capazes de derrubar um helicóptero. No Rio, há uma semana, em uma incursão da polícia nas comunidades da Maré, Vila Cruzeiro e Cidade de Deus, dois helicópteros foram atingidos por disparos vindos das quadrilhas dos criminosos que disputam o domínio da região. A ação tinha como objetivo prender membros de uma facção em resposta a execução de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca.

Maior desvio de armas desde 2009

Segundo o Instituto Sou da Paz, entidade sem fins lucrativos que faz estudos sobre armas e segurança pública, entre janeiro de 2015 a março de 2020, 27 armas do Exército foram roubadas, furtadas ou desviadas no Brasil. O último grande desvio do Exército havia sido em 2009: 7 fuzis 762 foram furtados de um batalhão de Caçapava, também em São Paulo. Na época, todas as armas foram recuperadas.

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