BRASIL

Quase 500 militares estão 'aquartelados' após sumiço de 21 metralhadoras de guerra

Armas, de calibres 0.50 e 7.62, têm potencial para perfurar blindagens e derrubar aeronaves; Guilherme Derite teme 'consequências catastróficas" se o armamento acabar na mão do crime

Por Gabriel Mansur
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Publicado em 17/10/2023 às 15:45

Alterado em 17/10/2023 às 15:53

Metralhadora .50 tem alcance máximo de quase 7 km Foto: Divulgação/Exército Brasileiro

Completa-se, nesta terça-feira (17), uma semana que 480 militares de todas as patentes do Exército - soldados, cabos, sargentos, tenentes, capitães, majores e coronéis - estão impedidos de deixar o quartel onde trabalham, em Barueri, na região metropolitana de São Paulo, depois que 21 metralhadoras de guerra foram furtadas no local.

Seus celulares foram confiscados para não se comunicarem com parentes. O contato com eles está sendo feito por meio de um representante da Corporação. O Exército alega que está ouvindo toda a tropa para tentar descobrir onde as armas foram parar. Até o momento, menos de 50 prestaram depoimentos.

Em um comunicado, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) esclareceu que as investigações estão em andamento por meio de um inquérito policial militar (IPM), e medidas apropriadas estão sendo tomadas no Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP) em relação ao ocorrido. A assessoria de imprensa do CMSE também afirmou que os procedimentos necessários estão sendo seguidos.

O desaparecimento do armamento de grosso calibre, com potencial para perfurar blindagens e até derrubar aeronaves, foi notado na terça passada (10), quando a corporação realizou uma vistoria interna e detectou uma discrepância no número de metralhadoras.

Procurada pela imprensa, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) esclareceu que o caso está sendo investigado internamente pelo Exército e que não havia nenhum registro policial relacionado ao incidente até o momento. O Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), em Brasília, órgão de Direção Setorial do Exército Brasileiro, enviou comitiva para apurar o extravio do arsenal.

Nos últimos dias, familiares têm ido até a frente da base pedir informações sobre os militares retidos. Apesar do Exército informar que nenhum deles está detido ou preso, ninguém pode ir para casa. A corporação informou que a medida é necessária para tentar localizar e recuperar o armamento.

As armas

As metralhadoras que foram furtadas da base militar de Barueri são armas de alto poder de fogo e, devido a seu potencial de destruição, são classificadas como armas de uso restrito do Exército Brasileiro. São elas:

  • 13 metralhadoras calibre .50 - com um alcance de quase 7 km, o armamento tem finalidade antiaérea, ou seja, é capaz de derrubar um helicóptero ou aeronave. Também tem capacidade de dar 550 tiros por minuto. Nos meios legais, essa arma pode custar até R$ 50 mil; e
  • 8 fuzis-metralhadoras automático leve (FAL) calibre 7.62 - com alcance máximo de 2.500 metros, não tem a mesma precisão, mas consegue disparar até 700 tiros por minuto. Ela é mais utilizada no combate e seu preço pode custar R$ 20 mil.

Esses tipos de armas têm sido historicamente alvo de desvios e é frequentemente utilizadas por criminosos em ataques a carros-fortes e roubos a bancos em todo o país. Neste fim de semana, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse que o crime pode ter "consequências catastróficas" se as armas forem para o crime organizado, podendo colocar em risco a população.

 

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