BRASIL
Após escândalo das joias, sobe para 18 número de militares investigados no governo Bolsonaro
Por GABRIEL MANSUR
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Publicado em 12/08/2023 às 14:12
Alterado em 12/08/2023 às 14:17
Em um único inquérito, três militares - da ativa e da reserva -, além do ex-capitão Jair Bolsonaro (PL), estão sendo investigados por descaminho e peculato no âmbito do esquema de venda de presentes dados ao Estado brasileiro. Os integrantes da suposta organização criminosa são:
- o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Cid e ex-colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras;
- o tenente do Exército Osmar Crivelatti, também ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e subordinado a Cid.
O advogado Frederick Wassaf também foi alvo de busca e apreensão nesta sexta-feira (12), mas não faz parte da caserna. O mandado foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e cumprido pela Polícia Federal (PF).
O trio engrossa a lista de militares ou ex-militares - que ocuparam cargos no governo anterior - investigados por algum tipo de crime. Agora, são 18 suspeitos. Lourena Cid e Crivelatti se juntam a uma lista de que já incluía o próprio Mauro Cid, preso desde 8 de maio acusado de coordenar um esquema para fraudar cartões de vacinação de Bolsonaro e seu entorno.
Joias
Mauro César e Osmar Crivelatti são suspeitos dos crimes de peculato (desvio) e lavagem de dinheiro. Isso ocorre quando bens entram ou saem do país sem respeitar os trâmites burocráticos e tributários, no primeiro caso. E quando um funcionário público se apropria ou desvia, em favor próprio, de dinheiro ou bem que se encontra em sua posse em razão do cargo, na segunda hipótese.
Ex-ministro de Minas e Energia e Almirante de Esquadra da Marinha, Bento Albuquerque é um dos personagens do caso das joias trazidas de forma irregular para o Brasil. Ele tentou entrar no país sem informar à Receita Federal que trazia as peças. Em depoimento, Albuquerque mudou sua versão inicial do caso e disse que as joias seriam destinadas à União. Ao ser abordado por fiscais na alfândega do Aeroporto de Guarulhos, porém, o ex-ministro havia dito que eram presentes para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Ex-assessor de Albuquerque, o tenente da Marinha Marcos Soeiro também depôs. Era ele quem carregava o conjunto de colar, anel, brincos e relógio de diamantes, avaliado em R$ 16,5 milhões.
Já o ex-ajudante de ordens Mauro Cid solicitou voo da FAB para tentar retirar as joias que estavam retidas. Ele é investigado por outros casos, como por exemplo no inquérito das milícias digitais, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
Milícias Digitais
Três são investigados por envolvimento no inquérito das milícias digitais, por ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em dezembro do ano passado, a PF concluiu que Cid, junto a Bolsonaro, cometeu crime por divulgar informações falsas sobre Covid-19. A PF também chegou a indiciá-lo pela participação no vazamento do inquérito sigiloso sobre o ataque hacker ao TSE. Ele ainda é investigado pela organização da live do dia 29 de julho de 2021, quando Bolsonaro atacou sem provas a segurança das urnas eletrônicas.
Essa live contou com a participação do coronel da reserva Eduardo Gomes da Silva, ex-assessor especial. A difusão de desinformação sobre o sistema eleitoral fez com que ele também passasse a figurar nas investigações de Moraes.
Outro que está no radar do inquérito das milícias digitais é o sargento da ativa e ex-membro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Ronaldo Ribeiro Travasso. O militar participou de atos golpistas e usou grupos de mensagens para convocar outros militares.
CPI da Pandemia
Na lista apurada pelo jornal o Globo, dez militares tiveram pedidos de indiciamento feitos pela CPI da Pandemia, ocorrida entre abril e outubro de 2021.
Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, foi acusado de crimes como de epidemia com resultado morte; emprego irregular de verbas públicas; prevaricação; comunicação falsa de crime; e crimes contra a humanidade. No ano passado, o militar foi eleito como o segundo deputado federal mais votado do estado do Rio.
Outros indiciados:
- Walter Braga Netto - (general da reserva) - ex-Ministro Chefe da Casa Civil e da Defesa
- Élcio Franco - (coronel da reserva) - ex-secretário executivo do Ministério da Saúde
- Marcelo Blanco - (coronel da reserva) - ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde
- Wagner Rosário - (ex-capitão) - ex-ministro da Controladoria-Geral da União
- Roberto Dias - (ex-sargento da Aeronáutica) - ex-diretor de logística do Ministério da Saúde
- Heitor Freire de Abreu - (tenente-coronel da reserva) - subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil
- Hélcio Bruno - (tenente-coronel da reserva) - ex-presidente do Instituto Força Brasil
- Marcelo Bento Pires - (coronel da reserva) - ex-assessor do Ministério da Saúde
- Alex Lial Marinho - (tenente-coronel da reserva) - ex-coordenador de logística do MS