BRASIL

Paciente acusa médico da Rede D'Or de racismo: na hora de dar alta à doente, disse que daria 'carta de alforria'

NOTÍCIA ATUALIZADA: LEIA RESPOSTA DA REDE D'OR

Por JORNAL DO BRASIL com Alma Preta Jornalismo
[email protected]

Publicado em 05/07/2023 às 05:40

Alterado em 05/07/2023 às 12:15

Fachada do hospital da Rede D'Or onde caso de racismo teria acontecido Reprodução da internet

Veronica Serpa - Internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por princípio de pneumonia, a paciente Aline Vargas denunciou o episódio de racismo que sofreu de um médico plantonista do Hospital São Luiz, na unidade do bairro Jabaquara, na capital paulista. Ao perguntar sobre sua alta, o funcionário do hospital teria dito que deliberaria com a equipe, e que depois retornaria com sua “carta de alforria”.

“Ele disse que conversaria com os médicos de plantão e que depois me daria a carta de alforria. Depois deu risada e saiu”, relata a vítima em entrevista à Alma Preta Jornalismo. “Já tive outros momentos em que eu sofri racismo, mas esse foi muito violento. Eu tava dentro de um leito de UTI, fragilizada", completa.

Após denunciar o ocorrido para enfermeira, a vítima conta que o médico retornou ao leito para se desculpar. “Ele começou a dizer que era uma brincadeira, que ele fazia isso sempre”, conta Aline. Ao tentar explicar ao médico sobre a violência de sua atitude, Aline foi ofendida novamente. “No final, ele virou e disse "até que você argumenta bem”.

A paciente contou com o suporte de sua namorada, a grafiteira Nenesurreal, e de parte da equipe de enfermagem, que prestou apoio à vítima durante todo o ocorrido. Ela conta que após denunciarem o racismo do médico, o hospital antecipou a alta de Aline. “Ela ainda não estava bem, mas deram alta para ela depois desse episódio. Nem o quadro clínico dela foi passado pra gente”, relata a artista.

A namorada procurou a ouvidoria do local, mas só conseguiu o formulário online do hospital. A denúncia na ouvidoria foi respondida pelo e-mail automático do sistema da Rede D’Or, no qual informava que o retorno viria em “até 5 dias úteis”.

Ela conta que a resposta da ouvidoria veio por telefone. “Eles pediram desculpas mais uma vez, e se colocaram à disposição para uma retratação”. Nenesurreal questionou qual seria o posicionamento do hospital em relação ao ocorrido, mas não foi respondida.

Após a alta antecipada, Aline precisou procurar atendimento médico em outra unidade de saúde, pois seu quadro de saúde não havia apresentado melhoras. Até o momento, o Hospital São Luiz não forneceu nenhum tipo de auxílio médico ou psicológico para a vítima depois de sua saída do hospital.

O Hospital São Luiz Jabaquara foi inaugurado em 2012, após compra do Hospital Nossa Senhora de Lourdes pela rede privada D’Or São Luiz. A unidade havia sido construída em 1958 com a antiga nomenclatura.

Procurada pela reportagem da Alma Preta, a Rede D’Or, responsável pelo Hospital São Luiz, não se manifestou sobre o caso até o fechamento da reportagem.

.

ATUALIZAÇÃO DA NOTÍCIA, 12H14

Resposta da Rede D'Or

O Hospital São Luiz do Jabaquara repudia qualquer tipo de discriminação, reafirma seu compromisso institucional com o enfrentamento e o combate ao racismo, e lamenta profundamente o ocorrido.

O caso em questão já foi encaminhado para o Conselho de Ética Médica, ligado ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), para a devida apuração e adoção das medidas cabíveis.

A diretoria do hospital tentou contato com a paciente, porém não obteve sucesso nos números cadastrados, e segue à disposição para acolhimento e demais esclarecimentos.

Deixe seu comentário