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Montadoras mudam produção para oferecer respiradores: 'É hora de unir esforços', diz diretor da Fiat

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Laboratório da Fiat para produção de ventiladores pulmonares. Foto Leo Lara/Fiat
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Laboratório da Fiat para produção de ventiladores pulmonares (Foto: Foto Leo Lara/Fiat/Divulgação)

Sem produzir veículos, montadoras usam instalações e funcionários para aumentar oferta de respiradores no Brasil: "Hora de unir esforços para combater inimigo comum", disse diretor da Fiat.

Devido à pandemia do novo coronavírus, empresas automotivas tiveram que paralisar suas atividades no país. Mas ao invés de fecharem as portas totalmente, diversas montadoras estão fazendo parcerias, usando fábricas e empregando mão de obra e conhecimento para ajudar no combate à Covid-19 no país.

Segundo o diretor de comunicação corporativa e sustentabilidade para a América Latina da Fiat Chrysler Automóveis (FCA), Fernão Silveira, a companhia está atuando em várias frentes: instalação de dois hospitais de campanha, em Betim, Minas Gerais, e em Goiana, em Pernambuco, reparo de ventiladores e consultoria para fabricantes do equipamento potencializarem a fabricação do aparelho; produção de máscaras de proteção; e doação e comodato de veículos e itens de segurança para profissionais médicos.

"Estamos usando nossas fábricas em Betim e Goiana para consertar os ventiladores e produzir as máscaras, que estão sendo feitas a partir de impressoras 3D", disse Silveira.

Técnicos treinados para consertar ventiladores

O reparo dos respiradores faz parte de uma parceria entre Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), Ministério da Economia e montadoras. Por meio dela, "técnicos e engenheiros da Fiat foram "treinados para atuar na recuperação de ventiladores hospitalares", que estão sendo levados para as fábricas, afirmou o diretor da FCA.

A estimativa é de que hoje existam cerca de 3,6 mil respiradores precisando de algum tipo de conserto no Brasil.

Fernão Silveira explica que não foram precisos grandes adaptações nas fábricas para converter a produção de veículos em oficina de ventiladores e confecção de máscaras.

"São fábricas muito grandes, temos muitos laboratórios e áreas com as características necessárias para esse tipo de trabalho. Fizemos a adaptação de dois espaços, tanto em Betim como em Goiana", disse.

O diretor da Fiat, no entanto, ressalta que o conserto dos ventiladores pode ser bastante complicado, principalmente quando é preciso repor uma peça. Atualmente há 45 respiradores para reparos na Fiat, sendo 21 em Betim e 24 em Goiana.

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Protótipo de ventilador pulmonar produzido pela Merdeces-Bens em parceria com o Instituto Mauá (Foto: Divulgação)

Repor peças pode ser complicado

"Muitas vezes são ajustes simples, um fio mal encaixado, uma placa que saiu do lugar. Em outras pode ser complicado, especialmente quando precisa de um novo componente, e devido à escassez de material em função da demanda mundial fica mais difícil", afirmou.

Outra montadora que se somou aos esforços de guerra foi a Mercedes-Benz. Além de participar da força tarefa para consertar os respiradores, a companhia esta utilizando sua fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo, para produzir os ventiladores.

"Temos uma parceria com Instituto Mauá e Universidade de São Paulo para desenvolver os respiradores com matéria-prima da indústria automotiva”, afirmou o diretor de planejamento e manufatura da montadora, Ricardo Bocciardi.

Ele diz que, enquanto aguarda-se o processo de certificação e homologação dos equipamentos para uso nos hospitais, a Mercedes "já está produzindo respiradores em São Bernardo, para poder fabricá-los assim que for possível e de maneira rápida".

'Obrigação' de ajudar

Os ventiladores serão de um tipo mais simples, usados para pacientes que precisam de cuidados intermediários e não necessitam ficar entubados na UTI. Os primeiros equipamentos devem ser entregues no prazo de 10 a 15 dias.

Bocciardi ressalta o fato dos funcionários da companhia estarem trabalhando de forma "voluntária", e que a empresa está doando o material como parte de uma "ação coletiva para ajudar no combate ao coronavírus".

Fernão Silveira, da Fiat, também diz que as ações não trazem nenhuma "receita" e são "obrigação" da empresa.

"As iniciativas não trazem receita e, evidentemente, a gente nem espera isso. A nossa obrigação é ajudar. É a hora de unir esforços para ajudar a combater esse inimigo comum", afirmou. (Sputnik Brasil)

Divulgação - Protótipo de ventilador pulmonar produzido pela Merdeces-Bens em parceria com o Instituto Mauá