De carne e osso, Giacomo Girolamo Casanova tornou-se um personagem da sua própria arte. Escritor italiano, o famoso veneziano escreveu “Historie de Ma Vie”, uma autobiografia com quase 4 mil páginas e relatos das suas inúmeras aventuras e das experiências adquiridas ao longo dos seus mais de 70 anos.
O manuscrito desta obra foi adquirido em
2010, no valor de 7,5 milhões de euros, por um mecenas anônimo. Certamente, um
escrito repleto de memórias deste homem que, além de famoso amante, também acumulou
os cargos de mágico, jogador, espião, padre e violonista. Viajou, também, por
toda a Europa, conhecendo, assim, boa parte das personalidades relevantes que
marcaram a sua época.
Diferentemente de Don Juan, personagem criado pela literatura a quem ele é comparado frequentemente, Casanova, cuja importância é tão grandiosa quanto à da lenda espanhola, existiu e nos deixou um legado literário inestimável. Diante do valor de Casanova para os franceses, e para o mundo, a Biblioteca Nacional da França organizou a mostra ‘Casanova, La Passion de La Liberté’, que fica em exposição até o dia 19 de fevereiro. Nela, é possível adentrar no rico universo biográfico do veneziano, que constitui uma verdadeira enciclopédia do século XVIII, a Era das Luzes, como afirmou o poeta Blaise Cendrars. Uma excelente oportunidade de conhecer o manuscrito que, milagrosamente, sobreviveu aos bombardeiros da Segunda Guerra.
Giacomo Girolamo foi, também, um grande amante e sedutor. E dizia: “Sem a conversa com a amante, o prazer do amor diminui ao menos dois terços”. No entanto, o escritor italiano também se caracterizava por ser um autêntico libertário. Sobre isso, certa vez afirmou: “Amo loucamente as mulheres, mas sempre preferi minha liberdade”. Mas, ainda assim, amou intensamente.
Amou, sobretudo, cada função que exerceu durante a sua vida, assim como a literatura e a filosofia, e as mulheres que por ela passaram. E, desse jeito, o grandioso Casanova nos ensina a enxergar a vida através de um novo olhar, com a visão romântica, porém realista, e, claro, sem perder o poder do charme e da inteligência louvados pelo próprio. Ele soube, ainda, de maneira rara e excêntrica, manter a mente jovem e idealista até o fim dos seus dias.