Há mais de 50 anos Candido Portinari
pintava a necessidade emergente da paz mundial. No dia 5 de janeiro de 1956,
ele entregava os painéis intitulados ‘Guerra e Paz’, feitos sob encomenda do
governo brasileiro, e presenteado para a sede da Organização das Nações Unidas
(ONU), em Nova Iorque.
Um presente do artista para a consciência do mundo. Vários metros quadrados de contraste entre o horror da guerra e a esperança e vida da paz. De um lado, o sofrimento, o desespero e a dor projetados no mural sobre a Guerra. Do outro, a felicidade, a valorização dos afetos e as experiências decisivas vividas por jovens, homens, mulheres e crianças, no decorrer da vida, que trouxeram bem-estar e a sensação de realização pessoal.
Os famosos paredões de quatorze metros de altura e dez metros de largura, os mais importantes e reconhecidos trabalhos de Portinari, foram pintados durante nove meses. A pintura dos painéis valeu a vida de Portinari. Nem mesmo o risco letal das tintas à saúde do pintor não o fez parar. Na escolha entre pintar ou viver, o brasileiro optou pela arte.
Agora, com a chegada do novo ano, todas as nações reforçam o pedido, gritado por Portinari, pela paz entre os homens. Com o visto negado e impedido de ir para os EUA assistir à cerimônia de inauguração e apresentação das suas obras, Portinari enviou uma mensagem à ONU que dizia: “A luta pela Paz é uma decisiva e urgente tarefa. É uma campanha de esclarecimento e de alerta que exige determinação e coragem. Devemos organizar a luta pela Paz, ampliar cada vez mais a nossa frente antiguerra, trazendo para ela todos os homens de boa vontade, sem distinção de crenças ou de raças, para assim unidos, os povos do mundo inteiro, não somente com palavras mas com ações, levar até a vitória final a grande causa da Paz, da Cultura, do Progresso e da Fraternidade entre os povos”. Uma mensagem que, infelizmente, não envelheceu. A luta pela paz deve ser constante e promovida por todos nós. Só assim chegaremos à época ideal para todos, e pintada por Portinari.