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'Trama fantasma' é eleito o melhor filme do ano

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Novo filme de Paul Thomas Anderson aborda uma relação amorosa e foi o filme mais bem votado na votação anual da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica
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Rotulado de “o último trabalho de Daniel Day-Lewis”, por conta da opção do prestigiado ator britânico de não atuar mais na telona, “Trama fantasma” (“Phantom thread”), de Paul Thomas Anderson, foi eleito o melhor filme de 2018 na votação anual da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica (Fipresci). Seu enredo aborda uma relação amorosa que acaba com a harmonia na rotina de um respeitado (mas excêntrico) estilista da Londres dos anos 1950. Realizada anualmente desde 1999, essa enquete de críticos contou, desta vez, com votos de 473 associados (jornalistas e acadêmicos de diferentes países), avaliando longas-metragens lançados de julho de 2017 até o início de agosto. Essa escolha garante ao diretor californiano (hoje com 48 anos) um diploma, o Grand Prix Fipresci, a ser entregue durante o 66º Festival de San Sebastián, que se realiza entre 21 e 29 de setembro. Esta é a terceira vez, nas três décadas de carreira de P. T. Anderson, que ele é agraciado com a láurea da Federação: antes, foi premiado por “Sangue negro”, em 2008, e por “Magnólia”, em 2000.

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Novo filme de Paul Thomas Anderson aborda uma relação amorosa e foi o filme mais bem votado na votação anual da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica

Exibido hors-concours no Festival de Roterdã, “Trama fantasma” é uma produção de US$ 35 milhões que ganhou o Oscar de melhor figurino. Foi ainda indicada a outros cinco Oscar: filme, diretor, ator (para Day-Lewis), atriz coadjuvante (Lesley Manville) e trilha sonora. Lançado no Brasil em fevereiro, o longa foi coroado na Europa com uma enxurrada de reportagens elogiosas e críticas reverentes nos jornais de lá, vide “Le Monde” ou “Le Figaro”. Bêbada de encanto pelo novo longa do diretor de “O mestre” (2012), a revista “Cahiers du cinéma” (a Bíblia da cinefilia) disse que “é difícil haver personagem mais desagradável na história do audiovisual do que o estilista Reynolds Jeremiah Woodcock, vivido por Day-Lewis, só comparado à figura vivida por Larry David em Curb Your Enthusiasm, na TV”. Comparação precisa. É um sujeito intragável mesmo. Mas é igualmente difícil encontrar uma personagem feminina mais desconcertante e manipuladora do que Alma, a garçonete com ar de Pigmaleão interpretada por Vicky Krieps, atriz importada de Luxemburgo.

É a partir dela que P. T. Anderson vai desfolhando o rosário de excentricidades do universo de Woodcock. É um ícone da alta costura que se apaixona por uma mocinha atrapalhada que, mais tarde, vai se revelar um perigo. No embate entre os dois, está a irmã dominadora do estilista, Cyril, papel dado a Leslie Manville

Curiosamente, a premiação coincide com a publicação internacional de um livro sobre a obra do cineasta, feito pela University of Illinois Press(www.press.uillinois.edu), numa coleção chamada Contemporary Film Directors, escrito por George Toles. É um livro de 220 páginas, batizado com o nome de Paul Thomas Anderson, que explora o encantamento do cineasta por figuras masculinas em vias de alguma jornada de evolução, seja em âmbito social, econômico ou de autodescoberta.

* Roteirista e crítico

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cultura