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Cabral recebeu R$ 50,5 milhões só por obras da Linha 4 do metrô, diz delator

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O ex-executivo da Odebrecht Benedicto Junior contou em delação que o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, recebeu mais de R$ 50,5 milhões de propina só pelo contrato da Linha 4 do metrô. Em outro trecho do vídeo já divulgado, ele apontava para o pagamento de R$ 120 milhões ao ex-governador do Rio Sérgio Cabral e ao atual governador, Luiz Fernando Pezão. 

"Ao longo do processo, o governador me procurou e disse: 'Olha, queria que a gente voltasse a discutir novamente que através desses contratos fossem feitos pagamentos'. Ele voltava com a conversa dos 5%. E eu sempre dizendo: 'Paguei R$ 11 milhões pra entrar nesse negócio. Paguei pro privado. Que conta que venha a fazer para ajudar, posso ajudar, mas não posso ser tratado com 5%, que é o que um prestador de serviço faz aqui'. Encontramos no nosso sistema pagamentos da monta de R$ 50,5 milhões pro governador Sérgio Cabral dentro do metrô, Linha 4 no Rio de Janeiro, pagamentos ilícitos feitos através de caixa dois da Odebrecht", diz o delator. 

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De acordo com Benedicto Junior, existia um conta chamada "local" na Odebrecht, que serviria para custos cotidianos das obras do metrô, como "churrascos". "Algumas coisas fora da realidade mundana, que a gente chamava de custos locais, do dia a dia." 

"Fiz um pedido ao governador Sérgio Cabral se ele poderia ter uma conversa com alguém da Queiroz Galvão para que ela não exercesse, e que eu entrasse no consórcio. Eu não perguntei, não sei se ele fez o pedido, mas a verdade é que a Queiroz permitiu que eu adquirisse a participação da Constran e, a partir desse momento, a Odebrecht passou a ser sócia da concessionária (...) Um fato importante desta empreitada foi que o governador Sérgio Cabral chamou as três empresas que estavam à frente, Carioca, Queirzo e Odebrecht, e fez um pedido para que nós nos preparássemos para aceitar mais três construtores, nominalmente: Andrade Gutierrez, a Delta e a OAS. Como era um pedido, nós não recusamos de partida, passamos a discutir o que fazer", contou.

"Entendíamos, com clareza, que a OAS tinha uma lógica, ela era dona do Metro Rio, ela ia passar a ser o investidor privado que ia cuidar da operação, a Andrade agregava valor, era uma empresa que tinha capacidade construtiva. Então, elas eram bem-vindas e, obviamente, restava um problema. Aceitar a entrada da Delta naquele momento era passar para a Delta uma capacitação de ser executora de metrô dali para a frente. E, por mais que a gente tivese algum respeito pela Delta, pelo Fernando [Cavendish], independente da relação pessoal que ele tinha com o governador, essa era uma coisa que o mercado não ia aceitar. A verdade é que criou-se um mal-estar", completou.