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Polícia no Rio cumpre mandados de prisão de suspeitos de envolvimento em estupro

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A Polícia Civil do Rio de Janeiro, por meio da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), deflagrou uma operação na manhã desta segunda-feira (30), para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão que fazem parte da investigação do caso de estupro coletivo denunciado por uma adolescente de 16 anos na semana passada. Todos os procurados estão foragidos. 

Entre eles estão Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20 anos, jogador do Boa Vista apontado como namorado da vítima, Raí de Souza, que admitiu ter divulgado o vídeo, Marcelo Miranda Correa, suspeito de divulgar as imagens, Raphael Assis Duarte Belo, que aparece em uma foto fazendo selfie com a jovem desacordada, Sérgio Luiz da Silva Júnior, o "Da Rússia", apontado como chefe do tráfico no Morro do Barão, e Michel Brasil da Silva, também suspeito de divulgar o vídeo.

A operação foi coordenada pela delegada titular Cristiana Onorato, e pelo diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada, Ronaldo de Oliveira. Além de mandados de prisão, a polícia busca computadores e celulares na casa dos suspeitos, na Cidade de Deus, Taquara, Recreio, Favela do Rola e Praça Seca.

O caso ganhou repercussão nacional e internacional depois que vídeos e fotos expondo a adolescente, nua e desacordada, circularam nas redes sociais. Na gravação, em meio a risadas, rapazes tocam nas partes íntimas da garota e dizem que ela foi violentada por "mais de 30". Desde 2009, a lei considera como estupro tanto a conjunção carnal como atos libidinosos.

No fim de semana, a Polícia Militar realizou operações no Morro São José Operário, onde a vítima denuncia que o crime ocorreu.

A polícia reúne novamente a imprensa às 14h desta segunda-feira (30), para divulgar mais informações sobre as investigações.

Veja repercussão do caso na mídia internacional:

> > > 'BBC': Estupro coletivo publicado em rede social choca o Brasil

> > > 'El País':Compartilhar estupro coletivo nas redes, a nova versão da barbárie brasileira

> > > 'Libération': Brasil fica horrorizado com estupro coletivo

Chefe da Polícia Civil: perícia do vídeo pode "contrariar senso comum"

O laudo da perícia do caso do estupro diz que a demora da jovem em acionar a polícia e em fazer o exame, o que levou 4 dias, foi determinante para que não fossem encontrados indícios de violência. A polícia também fez uma perícia no vídeo divulgado nas redes sociais, mas esta também pode não confirmar o crime, conforme declarações da Polícia Civil. 

A Polícia Civil tirou neste domingo (29) o delegado Alessandro Thiers, delegado titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), da investigação do estupro coletivo, em meio a denúncias de machismo. Ao mesmo tempo, porém, o chefe da Polícia Civil tem levantado dúvidas sobre a versão do crime. Ele diz que a perícia do vídeo traz respostas que podem "contrariar o senso comum".

"Não há vestígios de sangue nenhum que se possa perceber pelas imagens que foram registradas", disse Veloso em entrevista ao Fantástico, da TV Globo. "O laudo vai trazer algumas respostas que, de certa forma, vão contrariar o senso comum que vem sendo formado por pessoas que sequer assistiram ao vídeo", completou.

O delegado afastado Thiers havia informado antes que não haveria ainda como provar que houve estupro, e que por isso não teria como pedir a prisão dos envolvidos. Concordou, contudo, que houve o crime de exposição de cena pornográfica da adolescente, pena que vai de 3 a 6 anos de prisão, previsto no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).

Em entrevista ao Fantástico neste domingo (30), a adolescente voltou a narrar detalhes do crime e afirmou que foi tratada como "culpada" pelo delegado Alessandro Thiers. "Na delegacia, tentaram me incriminar como se eu tivesse culpa de ter sido estuprada", disse. "Ele [delegado] botou na mesa as fotos e o vídeo, expôs e falou, 'conta aí'. Perguntou se eu tinha costume de fazer isso, se eu gostava de fazer isso."

>> Polícia Civil confirma afastamento de delegado do caso de estupro coletivo