Policiais militares dispersaram com uso de bombas de gás e de efeito moral um protesto contra a Copa e a prisão de ativistas em operação da Polícia Civil. O ato acontecia na Praça Saens Peña, Zona Norte do Rio de Janeiro, com a participação de cerca de mil pessoas, e pretendia seguir em direção ao Estádio Maracanã, mas foi impedido por um forte esquema de segurança. A situação ficou tensa, com policiais da Cavalaria desembainhando espadas para intimidar manifestantes.
Pelo menos quatro pessoas foram detidas, por tentarem ultrapassar o bloqueio montado no local, que impedia que manifestantes e civis saíssem da área. Eles foram levados para a 21ª DP, de acordo com informações do Portal Terra, que teve seu fotógrafo, Mauro Pimentel, agredido por PMs.
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A cada nova tentativa de saída dos manifestantes, mais bombas era lançadas e pessoas eram agredidas. Policiais de diversos batalhões cercaram por três horas grande perímetro da Praça Saens Peña. Às 17h40, o local foi liberado. Um repórter canadense independente, Jason O'Hara, teve a câmera retirada pelos policiais, foi chutado e derrubado. Os moradores do bairro, para se dirigirem aos seus lares, tinham que apresentar comprovante de residência e eram acompanhados pelos policiais até suas casas.
Um dos coordenadores da operação policial, coronel Gaspar, comandante do Batalhão de Cavalaria, justificou a ação dizendo que o objetivo do cerco era “garantir a segurança das próprias pessoas”, evitando que grupos deixassem o local e se encontrassem com outros manifestantes.
O Comitê Popular da Copa promoveu a manifestação, que se concentrou no final da manhã na Praça Afonso Pena, na Tijuca, contra o fim dos despejos e remoções forçadas, a desmilitarização das polícias e a democratização dos meios de comunicação, além da soltura de 19 ativistas presos neste sábado (12) em prisão temporária.
De acordo com o representante do Comitê Popular da Copa, Hertz Viana Leal, o protesto é contra os gastos excessivos na construção dos estádios, por maior participação dos movimentos populares em decisões de governo e pelo direito à manifestação. "Hoje, em especial, estamos nas ruas para pedir a liberdade de 19 companheiros que estão presos por se manifestar e ter uma posição mais contundente nas ruas. Uma das bandeiras principais é pela liberdade dos presos, [que nós consideramos] presos políticos".
Leal disse ainda que o grupo Copa na Rua apoia a luta dos manifestantes por uma cidade mais democrática. "Daqui, nós vamos para a Praça Saenz Peña, onde também está havendo uma manifestação que é do pessoal das favelas", disse à Agência Brasil. "Enquanto houver violência policial não há democracia", concluiu.
A passeata seguia pacífica em direção a Praça Saenz Peña, com faixas e cartazes com os dizeres: "Protesto não é crime" e "Libertem os presos políticos. Ditadura nunca mais!".
* Com informações da Agência Brasil e do Portal Terra