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Dom Orani garante que Arquidiocese irá manter apoio aos desabrigados da Telerj

Desabrigados foram enviados para paróquia no Galeão; Prefeitura negocia compra do terreno da Oi

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O cardeal dom Orani Tempesta se reuniu na manhã desta sexta-feira (23) com representantes da sociedade civil e dos governos estadual e municipal para novamente tratar da questão dos desabrigados da Telerj. A reunião deu prosseguimento ao encontro que aconteceu no último sábado (19), para tratar da ocupação da Catedral Metropolitana pelas famílias desalojadas na ação de reintegração de posse movida pela Oi em um terreno no Engenho Novo, Zona Norte do Rio. Atualmente, as famílias encontram-se abrigadas na paróquia de Nossa Senhora do Loreto, no Galeão, Zona Norte do Rio.

Os desabrigados fazem parte do grupo de 136 famílias que ocupavam um terreno da Oi, no Engenho Novo, e que foi expulso durante uma ação de reintegração de posse que terminou em confronto no dia 11 de abril . Em seguida, foram para frente do prédio da Prefeitura, onde ficaram acampados por alguns dias. Sem solução e temendo repressões mais violentas por meio de forças policiais, o grupo seguiu para a Catedral, onde foram acolhidos pela Igreja. Até agora o problema dos desabrigados continua sem solução definitiva.

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Em coletiva, o cardeal do Rio de Janeiro informou que, de acordo com o vereador Reimont (PT), a questão dos desabrigados será discutida ainda em uma audiência pública marcada para acontecer na Câmara Municipal às 10h do próximo dia 29. Segundo dom Orani, representantes das esferas estadual e federal também serão convocados para debater soluções.

Na coletiva, foi assegurado que a Arquidiocese continua atuando na questão com o auxílio de assistentes sociais, cuidando da alimentação dos desabrigados e, em convênio com a Prefeitura, resolvendo questões ligadas à documentação e orientações de ordem médica. Agora, de acordo com dom Orani, cabe ao poder público e  toda a sociedade civil encontrar os caminhos de uma solução.

Dom Orani disse também que não há previsão sobre quanto tempo essas pessoas vão continuar abrigadas na paróquia, mas que muitos passos já estão sendo dados. “Nós gostaríamos que fosse resolvido logo, porque acho que ali [na paróquia do Galeão] não é um lugar de moradia. É um lugar provisório, e a pessoa que fica em lugar provisória acaba se desgastando. Mas, enquanto elas tiverem necessidade, estaremos ajudando”, contou.

Durante a coletiva, o cardeal disse ainda que a confiança dos desabrigados na presença da Igreja, em contraste com a relação conflituosa com as poderes públicos pode ser resultado de um trabalho da Arquidiocese com comunidades que já dura mais de 30 anos. “Não é o ideal o lugar onde eles estão, mas é um lugar onde eles têm a confiança de que ali eles terão o necessário e que não terão, de jeito nenhum, seus direitos tirados ao mesmo tempo em que tentamos encontrar caminhos”, afirmou.

Terreno será comprado pela Prefeitura

O cardeal falou também sobre possíveis impasses na definição de quem seria efetivamente o proprietário do terreno onde ocorreu a reintegração de posse. Na coletiva, o cardeal informou que divergências entre as informações da Anatel e dos cartórios sobre a questão de quem efetivamente teria os direitos legais sobre o terreno. “Um diz que é da Telerj, outros dizem que é federal, há uma discussão aqui. Mas, de certa forma, todo mundo concorda que deva ser um lugar de política social”, disse.

Apesar disso, a assessoria da Prefeitura do Rio disse que não há impasse sobre os direitos de propriedade e que a propriedade se trata de um imóvel particular. Foi anunciado no último sábado (17) que o terreno está efetivamente sendo comprado pela Prefeitura. O local seria utilizado como sede do Bairro Carioca 2, com o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, onde serão construídos cerca de 1,3 mil apartamentos.

A prefeitura estaria tentando a compra do imóvel nos último dois anos, porém, segundo a assessoria da Prefeitura, a Oi teria cobrado um valor muito elevado. Somente agora, após os últimos acontecimentos, as duas partes estariam conseguindo acertar detalhes finais para a compra da propriedade pela Prefeitura.