ASSINE
search button

'Queremos varrer o prefeito da cidade', dizem garis em greve

Acordo entre sindicato e Comlurb não agradou grupo de garis, que continuam em greve

Compartilhar

"Varrer? Só se for o prefeito Eduardo Paes para fora da cidade". A afirmação é de um dos líderes do grupo de garis, Bruno Lima, que está em greve no Rio de Janeiro, desde o último sábado (1/3). Mais de 500 garis se reuniram na tarde desta segunda-feira (3) em frente à prefeitura, na Cidade Nova, e depois saíram em passeata pelas ruas da cidade. O protesto acontece após a Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) anunciar que fechou acordo com o Sindicato de Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro, garantindo 9% de aumento salarial para os cerca de 15 mil garis da cidade. O grupo dissidente não aceitou a proposta que, segundo eles, exclui os trabalhadores acidentados e aposentados. Com isso, o grupo decidiu manter a greve por tempo indeterminado.

>> Carnaval: garis em greve fazem novo protesto e lixo se acumula nas ruas

>> Garis entram em confronto com Polícia Militar durante manifestação no Rio

>> 'Nesse Carnaval o prefeito vai varrer sozinho', gritam garis no Rio

Na manhã desta segunda, os garis caminharam da Central do Brasil até a prefeitura, aos gritos de "nesse Carnaval o prefeito vai varrer sozinho" e "o gari acordou". Uma faixa da Avenida Presidente Vargas foi interditada pelos trabalhadores. "Dizem que nós somos minoria, mas é só você olhar como está suja a cidade", afirmou o gari Anderson Leite ao portal Terra. Enquanto os garis protestavam, blocos de rua percorriam as ruas centrais da cidade em meio a montanhas de lixo acumuladas. 

De acordo com um gari que se identificou apenas como Marcos, o grupo deve marcar uma assembleia para esta terça-feira (4), quando será discutida a proposta da prefeitura. "Se o sindicato aceitou alguma proposta foi por conta própria e sem nos consultar. Não concordamos com o acordo apresentado pelo governo, porque beneficia apenas quem está na ativa. E quem se acidentar ou aposentar? Queremos igualdade de direitos e benefícios para todos os trabalhadores. E também não vamos aceitar o vale-refeição de R$ 16 que eles acordaram, estamos pedindo que o valor seja de R$ 20", afirmou Marcos.

Em nota, a Comlurb informou que o acordo foi fechado com o sindicato que atende a categoria no início da tarde desta segunda, como faz anualmente no período da negociação coletiva. Segundo a nota, por lei as duas partes tinham até o dia 31 de março para finalizar o acordo. "Tendo em vista o movimento de um grupo sem representatividade que vinha interferindo na rotina do trabalho de limpeza da Comlurb nos últimos dias, a companhia e o sindicato aceleraram as negociações e definiram itens importantes da pauta de reivindicações", diz o texto.

A partir de abril, de acordo com a Comlurb, o gari em início de carreira terá o piso salarial R$ 874,79 com 40% de adicional de insalubridade, totalizando um vencimento de R$ 1.224,70. Além do aumento salarial, o acordo garantiu mais 1,68% dentro do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, com progressão horizontal. O acordo coletivo também garante: bônus de 100% na hora extra para quem trabalhar nos domingos e feriados, mantendo o direito à folga; plano odontológico para todos; ampliação do prêmio do seguro de vida de R$ 6 mil para R$ 10 mil; aumento do vale-alimentação de R$ 12 para R$ 16; auxílio-creche para ambos os sexos e acordo de resultados possibilitando um 14º e 15º salário. O comunicado da companhia diz ainda que, atendendo à solicitação do sindicato, não tomará nenhuma medida punitiva contra os trabalhadores que retornarem ao trabalho até as 19 horas desta segunda. "A partir de então, os garis que não voltarem a seus postos serão demitidos", afirma a nota.

A Comlurb garantiu que manteve nos dias de carnaval a sua rotina especial de limpeza programada para o período, mas sofreu em alguns pontos da cidade "interferência de membros de grupo sem representatividade junto à categoria e que pressionava para uma paralisação, movimento que foi considerado ilegal pela Justiça do Trabalho". A companhia disse que reforçou a sua operação para realizar a limpeza nos pontos onde houve problemas. Pelo balanço parcial da companhia, foram recolhidas neste domingo (2) quase 85 toneladas de resíduos dos principais lugares da cidade que tiveram programação de carnaval. Nos desfiles das Escolas de Samba do Grupo Especial, na Avenida Marquês de Sapucaí, foram retiradas 33,62 toneladas da área do Sambódromo.

A comlurb informou que após a passagem dos principais blocos em diversos pontos do Rio neste domingo (2) a quantidade de resíduos recolhidos foi superior a 51 toneladas. Somente no Centro foram 10 toneladas. Em Botafogo cinco blocos renderam 2,25 toneladas; Copacabana teve 860 kg em três blocos; Leblon oito blocos produziram 22,5 toneladas; Santa Tereza foram retiradas 3,42 toneladas de um bloco; na Barra da Tijuca 3,10toneladas; no Parque do Flamengo 1,9toneladas; na Praça Paris 700 kg; na Intendente  Magalhães, na Zona Norte, foram  6 toneladas de lixo; Parque Madureira, Zona Norte, foram recolhidas 1,26 toneladas.